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hikafigueiredo

"À Prova de Morte", de Quentin Tarantino, 2007

Filme do dia (126/2021) - "À Prova de Morte", de Quentin Tarantino, 2007 - Três amigas saem à noite para se divertir. Em um bar, conhecem o dublê Mike (Kurt Russell), sem sabe que ele já está de olho nelas e não tem boas intenções.





Por mais lugar comum que seja, eu adoro o jeito como Quentin Tarantino pega um estilo de filme e brinca com suas referências, reciclando e misturando ideias até criar uma obra que, sem perder de vista a original, supere a que serviu de inspiração. Esta aqui é considerada uma obra menor do diretor e foi lançada quase simultaneamente a "Planeta do Terror" (2007), de Robert Rodriguez, como parte do Projeto "Grindhouse". Nesta obra, a inspiração foram os filmes exploitation da década de 1970, repletos de garotas em trajes sumários, corridas de carros e muita ação. Apesar de ter muitos detratores, é um filme que eu simplesmente adoro, porque me remete demais à minha infância, quando esse estilo de obra era tão comum nos noitões da tv aberta. O filme é dividido em dois grandes arcos - o primeiro é uma homenagem mais evidente a estas obras setentistas, mimetizando-as com exatidão. Neste primeiro arco, temos todas as imperfeições daqueles filmes - da fotografia "lavada", aos posicionamentos de câmera esquisitos que dão a sensação de "quebra de eixo". Até os "riscos de negativo" são reproduzidos, dando a exata sensação de estarmos vendo um filme daquela época. O estranhamento fica por conta de elementos modernos inseridos aqui e ali, como aparelhos celulares e mp3. Seguindo a mesma lógica, a direção de arte reafirma o estilo nos figurinos, cabelos, carros de época, etc. Neste primeiro arco, os destaques ficam por conta da dança sensual da personagem Arlene/"Butterfly", interpretada com graça por Vanessa Ferlito, que só perde em erotismo para a de Salma Hayek em "Um Drink no Inferno" (1996); e para a cena do acidente, com todos os exageros das produções de baixo orçamento na qual o filme se inspirou. No segundo arco, muito embora continuemos seguindo a mesma inspiração, a estética muda um bocado, aproximando-se dos filmes atuais. A fotografia torna-se muito contrastada, com cores muito saturadas (no momento em que muda a fotografia, logo em seguida de algumas cenas em P&B, dá quase um "choque" na vista, porque entra em cena um carro amarelo ovo que seria visto até da lua, de tão chamativo). As personagens continuam em roupas ínfimas e até parece que teremos um repeteco do primeiro arco - mas, aqui a coisa vai mudar um pouco de figura. Nesse arco, a referência mais evidente é o filme "Faster, Pussycat! Kill! Kill!" (1965), com a icônica Tura Satana. Também nesse arco teremos uma das perseguições de carro mais tensas da história do cinema, graças à participação da atriz e dublê Zöe Bell, interpretando a si própria. Nem preciso dizer que, em ambos os arcos, a trilha sonora é de primeira, com os mais variados estilos, com destaque para a música "Chick Habit", de April March - boa demais!!!!! Destaque também para uma edição eletrizante, em especial no segundo arco. O elenco é marcado pela presença de Kurt Russell como dublê Mike, um fdp tão extremo que a gente quer ver ele se ferrar muito antes de terminar o filme - Kurt Russell continua o canastrão que sempre foi, mas está perfeito como vilão! No elenco ainda, além das já mencionadas Zöe Bell e Vanessa Ferlito, ambas perfeitíssimas em seus papeis, Rosario Dawson como Abernathy, Sydney Tamiia Poitier como Jungle Julia, Tracie Thoms como Kim, o próprio Quentin Tarantino como Warren e Eli Roth como Dov (para quem não está ligando nome à pessoa, é o diretor de "O Albergue"- 2005). Eu acho esse filme divertidíssimo, daquelas obras que me deixam elétrica depois, se assistir à noite nem consigo dormir rs. Para quem curte as brincadeiras de Tarantino com a cultura pop, é uma grande pedida.

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