Filme do dia (88/2020) - "Ágata e a Tempestade", de Silvio Soldini, 2004 - Ágata (Licia Maglietta) é uma mulher de meia idade que passa por um período confuso em sua vida: sua filha mora longe, apaixona-se por um homem casado e seu irmão Gustavo (Emilio Solfrizzi) acaba de descobrir que foi adotado. Em meio à tempestade, Ágata tenta encontrar seu equilíbrio.

Silvio Soldini é um diretor que tem apreço pelos filmes leves, simpáticos, daqueles que deixam o espectador com um sorriso nos lábios no fim da obra. Após seu sucesso "Pão e Tulipas" (2000) - que segue exatamente essa lógica -, Soldini realizou 'Ágata e a Tempestade", inclusive aproveitando a mesma atriz, a charmosa Licia Maglietta, e buscando o mesmo resultado - o bem estar final do público. Até acredito que o diretor tenha alcançado seu objetivo, pois o filme é de uma leveza ímpar, mas acho que o roteiro está bem aquém daquele da obra anterior. Enquanto "Pão e Tulipas" desenvolve-se bem suavemente, bem "redondinho", "Ágata e a Tempestade" possui um desenvolvimento meio esdrúxulo, com acontecimentos meio aleatórios e um pezinho no realismo fantástico - a protagonista emana uma estranha energia que faz com que lâmpadas e aparelhos elétricos pifem à sua passagem. Não que eu ache que um roteiro tenha de ser previsível - pelamor, não! - mas gosto de certa coerência e aqui tudo acontece de formas um tanto inverossímeis. A própria personagem Ágata é um pouco improvável - o mundo cai ao seu redor e ela permanece, o tempo todo, otimista, sorridente, profunda, correta - nenhuma atitude que macule sua boa imagem, além da estranha eletricidade que emana. Maaaas, se o espectador busca otimismo e alegria, certamente vai encontrá-los aqui. Fato é que Ágata passa "vitaminadamente" por seu momento de vida conturbado, por sua tempestade, sempre numa energia alto astral contagiante. Tirando a história "feel good", temos uma obra tecnicamente padrão e bastante regular. No elenco, além de Lícia Maglietta como Ágata, Giuseppe Battiston como Romeo, na minha opinião o personagem mais interessante e também o mais verossímil. É uma obra bonitinha, mas que me disse muito pouco além do bem estar pós-créditos. Prefiro "Pão e Tulipas".
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