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  • hikafigueiredo

"11 de Setembro", vários diretores, 2002

Filme do dia (298/2020) - "11 de Setembro", de Samira Makhmalbaf, Claude Lelouch, Youssef Chahine, Danis Tanovic, Idrissa Ouedraogo, Ken Loach, Alehandro González Iñarritu, Amos Gitai, Mira Nair, Sean Penn e Shohei Imamura, 2002 - Onze diretores filmaram onze curta-metragens de 11 minutos, tendo, como inspiração, o atentado de 11 de setembro contra O World Trade Center em 2001.





O filme reúne onze curta-metragens, cada qual de um diretor diferente, de um país diferente. Não há exatamente uma coesão, pois, muito embora a inspiração fosse o mesmo evento, não era obrigatório sequer mencioná-lo, de forma que os diretores ficaram livres para rodar aquilo que sua cabeça decidisse. Evidente que algumas obras se sobressaíram, seja pela originalidade, seja pela carga emocional envolvida. Achei importantíssimo perceber que vários foram os diretores que tentaram contextualizar o atentado, mostrando-o não como um evento único e excepcional, mas deixando claro que atentados de diferentes tipos acontecem todos os dias - e a nação norte-americana jamais levantou os olhos para eles. Assim, enquanto Shohei Imamura mencionou as bombas de Hiroshima e Nagasaki, Amos Gitai explanou como os atentados terroristas acontecem às dezenas em Israel, assim como Danis Tanovic trouxe à tona a questão das guerras entre as ex-repúblicas da antiga Iugoslávia e Youssef Chahine mencionou as inúmeras mortes provocadas pelas ações militares dos EUA no Oriente Médio (inclusive de soldados norte-americanos). Mas ninguém foi mais cirúrgico do que Ken Loach que discorreu acerca de outro 11 de setembro, ocorrido vinte e oito anos antes do 11 de setembro do atentado, ocasião em que houve, com a "ajuda" dos EUA ("ajuda" cof*cof), o golpe de estado que depôs e assassinou Salvador Alende, presidente do Chile. Ken Loach dá um tapa com luva de pelica nos EUA, tirando o país da condição de vítima e mostrando quão vilões eles já foram e são pelo mundo afora. Samira Makhmalbaf também não deixou por menos e menciona, em sua obra, os bombardeios diários contra a população civil no Afeganistão. Claude Lelouch preferiu uma história mais intimista, citando diretamente o atentado. Idrissa Ouedraogo pincela questões sociais da África, expondo o quanto a população daquele continente tem sido abandonada pelo resto do mundo. Mira Nair narra uma história real de preconceito e heroísmo ligada aos muçulmanos em solo norte-americano. Sean Penn também opta por um história intimista, bastante sensível, mas que tem no 11 de setembro apenas um detalhe da história. Alejandro González Iñarritu fez a obra mais diretamente ligada ao atentado, um filme ousado, mas, na minha opinião, preguiçoso (e um dos que eu menos curti). O filme, ainda que irregular, é muito legal e muito político também. Meus prediletos foram o de Ken Loach, Mira Nair e o delicado curta de Sean Penn. Vale a pena e dá muito argumento para discussão. Recomendo.

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