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"12 Anos de Escravidão", de Steve McQueen, 2013

  • hikafigueiredo
  • 12 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Filme do dia (278/2020) - "12 Anos de Escravidão", de Steve McQueen, 2013 - EUA, 1841. Solomon Nothup (Chiwetel Ejiofor) é um homem negro livre que vive em Nova York com sua esposa e filhos. Ele é sequestrado e vendido como escravo no sul do país, passando doze anos como cativo de um terrível senhor de terras, Sr. Epps (Michael Fassbender).





Premiado com o Oscar de Melhor Filme em 2014, o filme é baseado na autobiografia de Solomon Nothup e discorre sobre a mácula histórica da escravidão dos negros nos EUA. O autor não poupou palavras para descrever os horrores da escravidão e o que chegou às telas foi um relato seco e medonho das experiências de Nothup como escravo. É incrível constatar que não bastava, para os senhores de escravos, retirar toda a liberdade e dignidade daqueles homens e mulheres, eles ainda tinham de exercitar toda a sua psicopatia e crueldade sobre aquela pele negra. É uma obra muito difícil de assistir para qualquer pessoa que consiga ter empatia com o próximo (eu já havia visto, rever para escrever sobre ele foi um parto). Outra constatação foi a tendência - errada - que temos em relativizar atitudes quando, em comparação com outras condutas, aquelas ações não parecem tão horríveis: assim, as atitudes do personagem Ford parecem até suaves quando comparadas às ações do personagem Epps, ideia erradíssima, pois ambos são igualmente podres por serem escravizadores, independente de qualquer maldade extra. A narrativa é linear, em uma linguagem bastante convencional, bem ao gosto de Hollywood. As qualidades técnicas do filme são inegáveis, dentre as quais a direção segura do diretor Steve McQueen e a direção de arte de época bastante caprichada. O elenco é excepcional - não apenas o elenco principal, mas também o de apoio, que conta com gente do naipe de Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Paul Giamatti, Sarah Paulson e Brad Pitt. Chiwetel Ejiofor e Michael Fassbender estão excelentes, mas quem rouba a cena totalmente é a diva absoluta Lupita Nyong'o, que traz à narrativa uma Patsey visceral e com uma carga emocional assustadora, tanto que ela foi contemplada com um lindo Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pela sua interpretação. Ainda que eu ache que o filme é muito bom e jogue na cara de todo e qualquer branco a dívida histórica que possuímos para com a população negra, não é uma obra agradável de se ver porque é muita dor envolvida, muito sofrimento, muita crueldade, muita doença. Recomendo por achar que todos nós, brancos, merecemos esse tapa na cara para reconhecermos os privilégios advindos da nossa história e cor de pele.

 
 
 

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