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"12 Homens e Uma Sentença", de Sidney Lumet, 1957

hikafigueiredo

Filme do dia (222/2020) - "12 Homens e Uma Sentença", de Sidney Lumet, 1957 - Após toda a instrução de um julgamento de homicídio, os doze jurados se juntam para decidir o veredicto. Onze jurados acreditam que o acusado é culpado; um, apenas, coloca em dúvida a autoria do crime. O veredicto precisa ser unânime, obrigando-os a debater acerca do caso.




Em mais uma revisita, escolho esse filme incrível de Sidney Lumet. Melhor amigo de todo e qualquer estudante de Direito, o filme é uma aula de lógica, argumentação e, claro, empatia. Coloca-se em discussão não apenas o processo judicial, mas, ainda, a própria Justiça. E é fantástico o que o diretor consegue extrair de um argumento tão simples. Durante 96 minutos, os doze personagens permanecerão debatendo em uma sala fechada, praticamente a única locação da história. Maçante? De forma alguma. Primeiro porque a narrativa instiga o espectador que, junto com os jurados, acompanha diversos raciocínios acerca dos fatos. Segundo, porque o diretor realiza um belíssimo estudo de personagem acerca dos doze jurados - ao longo da obra, o espectador conseguirá perceber a motivação de cada um dos personagens à partir de suas características, discursos e históricos; Terceiro, porque o filme oferece um maravilhoso trabalho de montagem, com triangulações interessantes, que acompanham as discussões, possibilitando que o filme tenha um ritmo inesperado, a despeito da locação única e da pouca mobilidade que o espaço oferece. É impressionante, ainda, que, ao longo destas triangulações, nem uma única vez, o diretor perca a referência e cometa uma quebra de eixo - tsc, tsc, tsc, isso não ocorre jamais! E, por fim, existe uma magnífica direção de atores e ótimas interpretações, que envolvem o público, que passa a se identificar com os personagens, torcendo por eles. O elenco é encabeçado pelo ícone Henry Fonda como o jurado número 8, justamente o incrédulo acerca da culpa do acusado. O personagem, altamente empático, coloca em dúvida o raciocínio oferecido pela Promotoria - não que ele tenha certeza da inocência, mas ele alega ter suficiente dúvida para não considerá-lo culpado, colocando, em prática, a "máxima" do direito, in dubio pro reo (na dúvida, a favor do réu). Henry Fonda nos entrega um personagem bastante seguro em sua convicção de que não se pode condenar um homem à morte sem a devida e absoluta certeza de autoria. No contraponto, temos Lee J. Cobb como o jurado número três, aquele completamente convicto da culpa do réu e nada disposto a rever seu posicionamento. Lee J. Cobb interpreta tão bem o furioso e indignado jurado que chega a dar ganas dele, ele está perfeito no papel. No elenco, ainda, Joseph Sweeney, Jack Klugman, Robert Webber, Ed Begley, Jack Warden, John Fiedler, Martin Balsam, E. G. Marshall, George Voskovec e Edward Binns como os demais jurados, todos os atores extremamente competentes em seus personagens. O filme foi agraciado com o Urso de Ouro no festival de Berlim naquele ano. O filme é bárbaro, uma aula de Direito e de cinema e um clássico da produção hollywoodiana. Eu diria é que é uma dessas obras obrigatórias. Assista para ontem.

 
 
 

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