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  • hikafigueiredo

"A Árvore", de Julie Bertuccelli, 2010

Filme do dia (201/2021) - "A Árvore", de Julie Bertuccelli, 2010 - Após a morte súbita de seu pai, a menina Simone (Morgana Davies) acredita que a alma dele ocupou uma velha e enorme figueira em seu quintal. Ela revela esse segredo à sua mãe Dawn (Charlotte Gaisnbourg), que tenta recomeçar sua vida, mas a sombra da árvore está sempre lá para recordá-la.





Um belo filme sobre o processo do luto e a dificuldade em deixar para trás a dor da perda. A história tem dois "centros" - a menina Simone e sua mãe Dawn. Enquanto a pequena cria, na árvore, o alento pela morte do pai e vê, na sua presença, uma força para resistir à dor, para Dawn - que, como a filha, também sofre com a perda - a presença da árvore é um freio para ela continuar sua vida com a chance de um novo envolvimento amoroso. A árvore simboliza, ali, a presença do pai/marido, mas ganha significados diametralmente opostos na vida das duas personagens. Independente disto, a árvore vai estar presente durante todo o processo de luto de Simone e Dawn até não mais ser necessária - quando o processo finda e a resignação se instala em ambas, a árvore perde sua função de esteio e é, finalmente, libertada de seu simbolismo. A narrativa é linear, em ritmo moderado, quase lento. A atmosfera é de melancolia e saudade, principalmente nas cenas que envolvem a menina Simone; com relação a Dawn, eu senti certo desespero inicial e, posteriormente, a vontade de "soltar amarras" e voltar a viver. É um filme visualmente muito bonito - a fotografia aproveita bem a bela locação e a imagem da gigantesca e frondosa árvore, com inúmeras cenas de plongées e contraplongées absolutos. A atriz mirim Morgana Davies é ótima e consegue transmitir toda a dor pela ausência do pai; Charlotte Gainsbourg - que eu acho uma atriz excelente - está bem, mas acho que aquém de seu potencial, visivelmente uma questão de direção de atores (se considerarmos o luto dela em "Anticristo", 2009, nem se compara com sua atuação aqui); no papel de George, Marton Csokas, ator desconhecido para mim, mas que cumpriu bem sua função na obra. É uma obra delicada, cheia de pequenas metáforas relacionadas à árvore. Eu achei tocante. Recomendo.

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