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"A Caixa de Pandora", de Georg Wilhelm Pabst, 1929

hikafigueiredo

Filme do dia (29/2019) - "A Caixa de Pandora", de Georg Wilhelm Pabst, 1929 - A jovem Lulu (Lousie Brooks) é a "sugar baby" de Ludwig Schön (Fritz Cortner), um rico e renomado editor de jornal. A notícia de que seu amante casará com uma moça da sociedade, leva Lulu à loucura e ela acaba por criar uma situação que impede o casamento. Para evitar maiores escândalos, Schön decide assumir Lulu e casar com ela. Mas as consequências dessa decisão serão terríveis.





A obra acompanha a trajetória da personagem Lulu, a qual levaria à ruína todos os homens que dela se aproximassem. A ideia, no filme, é que a personagem traria, como na história da Mitologia Grega da Caixa de Pandora, todos os males consigo. Diria que essa, mais uma vez, é uma visão machista da época. Aos meus olhos, numa leitura atual, Lulu era totalmente vítima das circunstâncias - explorada e tratada como objeto por todos os homens que se envolviam com ela, Lulu não visava benesses materiais, mas acolhimento, proteção e, acima de tudo, afeto. Okay, para conquistar o amor alheio, Lulu era, sim, capaz de lançar mão de toda a sedução que estivesse ao seu alcance, mas, em contrapartida, também era capaz de atos sinceros de generosidade e cuidado, chegando a extremos (sem spoilers). Para mim, Lulu desperta muito mais compaixão do que qualquer forma de desconfiança - mas, claro, essa é a minha leitura nos dias de hoje e, talvez, na época, Lulu tenha sido a imagem da sedutora interesseira e destruidora de vidas. Interessante, ainda, que há, na história, uma personagem feminina evidentemente atraída pela sedução de Lulu - apaixonada pela jovem, a personagem Condessa Geschwitz mostra-se capaz de qualquer ato pela atenção de Lulu (acredito que esse fato deve ter sido bastante ousado para a época) e, como todos que dela se enamoravam, acaba sofrendo péssimas consequências dessa relação. A obra começa muito radiante, com fotografia P&B (óbvio) muito clara e, aos poucos, vai se tornando mais e mais pesada, lúgubre e contrastada, aproximando-se mais da estética do Expressionismo Alemão, do qual faz parte. O filme é maravilhoso, mas certamente não seria tão perfeito não fosse a interpretação excepcional de Louise Brooks, que conseguiu aliar de uma maneira inacreditável sedução e ingenuidade na mesma personagem. Apesar do riso fácil, dos arroubos de mimo, da alegria contagiante de Lulu, a personagem é essencialmente trágica e traz consigo uma dramaticidade pesada, muito bem encenada pela atriz que, inclusive, abriu mão da atuação teatral tão comum à época, tornando-a mais realista. O olhar de Louise Brooks é incomumente expressivo e "fala" mais do que o espectador consegue ler - ela é incrível!!! Destaque, ainda, para Alice Roberts como a Condessa Geschwitz, até pela sua ousadia em encená-la. O filme é uma obra-prima, magnificamente dirigida por G. W. Pabst, e absolutamente necessária para quem quer conhecer a história do cinema!!!! Assistam!

 
 
 

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