Filme do dia (173/2018) - "A Costela de Adão", de George Cukor, 1949. O promotor Adam Bonner (Spencer Tracy) recebe a tarefa de fazer a acusação no júri de Doris Ettinger (Judy Holliday), uma mulher traída que atirara contra o marido mulherengo. Ocorre que Amanda (Katharine Hepburn), advogada e esposa de Adam, argumentando que o caso esbarra no machismo da sociedade e que Doris receberia um tratamento diferente de um homem na mesma situação, assume a defesa da mulher, acarretando uma acirrada disputa - no tribunal e na sua própria casa.
A deliciosa comédia de George Cukor trata de um tema caro e vital - a igualdade de gênero. A personagem Amanda, uma feminista assumida, constrói toda a sua defesa em cima da questão da diferença de tratamento dispensada a homens e mulheres em uma mesma situação - e acho que não existe tema que se mantenha (infelizmente) mais atual que este. O filme assume a questão e pesa a balança bastante para a tese de Amanda, ainda que, ao final (sem spoilers), alivie um pouco para o homem da relação - no caso, o promotor Adam defendia a condenação por acreditar que uma absolvição iria contra a lei, não por Doris ser uma mulher, e, além disso, acatar a totalidade da causa feminista talvez não fosse tão bem aceito pelo público nos idos de 1949. De qualquer forma, a obra dá voz à causa e, somente por isso, já seria um filme de valor, mas, vai além, porque é uma comédia muitissímo divertida! A queda de braço entre o promotor e a esposa advogada talvez não fosse tão boa se não fossem Spencer Tracy e Katharine Hepburn os intérpretes - ambos, excepcionais, trazem um charme a mais no roteiro ágil e original, além de fazerem um dueto ótimo, repetido algumas vezes no cinema ("A Mulher do Dia", "Amor Eletrônico", "A Mulher Absoluta"). O elenco de apoio, não fica atrás.... no papel de Doris Ettinger, a impagável Juddy Holliday, que, um ano depois, voltaria a trabalhar com George Cukor em "Nascida Ontem", filme que lhe renderia o Oscar de Melhor Atriz; como o marido traidor, Tom Ewell, o ator de "O Pecado Mora ao Lado"; e como a amante, a fantástica Jean Hagen, eternizada como Lina Lamont em "Cantando na Chuva". O filme é daqueles beeeem delicinha e me arrancou várias gargalhadas ao longo da história. Apesar de idosinha, a obra continua atual. Recomendadíssimo!!!!
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