Filme do dia (218/2017) - "A Espinha do Diabo", de Guillermo del Toro, 2001 - Década de 1930, Espanha. Durante a Guerra Civil Espanhola, dois professores republicanos tocam um velho orfanato no meio de uma região árida e afastada. Muitas das crianças ali albergadas são órfãs da guerra, incluindo Carlos (Fernando Tielve), um menino de doze anos deixado ali por seu tutor insurgente. Logo que chega ao local, Carlos é surpreendido pela figura macabra de um menino assassinado que somente ele é capaz de ver - e esse menino tem um propósito...

Mais uma vez, Guillermo del Toro faz uso de simbolismos para tratar, na realidade, dos horrores e mazelas da guerra. Em "O Labirinto do Fauno", o diretor aproveita o formato da fábula para trabalhar o fascismo de Franco. Nesta obra, o diretor aproveita o formato do filme de terror para mostrar um pouco dos traumas resultantes da mencionada guerra civil. Independente dos simbolismos usados, a obra é um excepcional terror psicológico gótico e funciona ainda que o espectador não tenha qualquer interesse em se aprofundar nas metáforas utilizadas ao longo do filme - é isso, o filme funciona!!!! Diferentemente dos filmes de terror atuais, a obra não faz uso de "jumpscare", construindo um clima de suspense e medo na medida certa. A narrativa começa com uma belíssima fala em "off", retomada no final, que é de arrepiar por mais de um motivo (sem spoilers, "please"!). O desenvolvimento do roteiro é perfeitinho, tudo se encaixa com perfeição. A atmosfera inteira do filme é lúgubre, sombria - um primor! No elenco, ótimas atuações dos atores mirins Fernando Tielve e Iñigo Garcés, bem como dos veteranos Marisa Paredes, como a professora Cármen, e Federico Luppi, como Dr. Casares. É uma obra que merece alguma reflexão (por exemplo, os professores representando as forças republicanas e democráticas, idealistas mas alquebradas - ela, sem uma perna; ele, impotente, ambos abandonados em um quase deserto - gente, isso é quase poesia!!!!), pois cheia de "camadas". Vale bastante a pena, mesmo para quem não curte o gênero. Recomendado.
Comments