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hikafigueiredo

“A Herança”, de João Cândido Zacharias, 2024

Filme do dia (125/2024) – “A Herança”, de João Cândido Zacharias, 2024 – Após a morte de sua mãe, Thomas (Diego Montez) volta de Berlim com seu namorado Beni (Yohan Levy) para tomar posse de uma casa deixada de herança por uma avó que ele sequer sabia que existia. Ele viaja até a casa, localizada no interior do Rio de Janeiro, onde conhece duas tias que ele jamais ouvira falar – Berta (Cristina Pereira) e Vitória (Analu Prestes), as quais o recebem com extrema euforia e simpatia. Enquanto Thomas se sente acolhido, Beni começa a desconfiar de alguma coisa sinistra naquela família.





Confesso que assisti a poucos filmes de terror nacionais – muito mais pela falta de oportunidade do que por qualquer prevenção. Pois tenho de dizer que fiquei surpresa e bastante entusiasmada com este instigante folk horror made in Brazil. A história começa com o retorno do jovem Thomas para o Brasil após a morte de sua mãe, a quem não via há mais de dez anos, acompanhado de seu namorado Beni. Ele é surpreendido com a notícia de que herdou uma casa e, curioso, se dirige ao local, no interior do Rio de Janeiro, para conhecer o imóvel. Ele fica ainda mais surpreso ao descobrir que possui duas tias, sobre as quais sua mãe jamais falara, que se mostram muito felizes com o retorno do rapaz. Thomas se compromete a passar alguns dias na afastada casa, sentindo-se acolhido pelas tias e integrante da família que nunca tivera, enquanto Beni suspeita de que existe algo por trás da atitude das tias. O roteiro, muito bem desenvolvido, logicamente tem diversos clichês do gênero – qual filme de terror não os têm? -, mas nada que comprometa minimamente a obra. Gostei muito da atmosfera de tensão que é lentamente formada – é muito mais um filme de terror psicológico e “climão” do que de jumpscare, ainda que esse artifício seja usado umas duas ou três vezes. O roteiro é muito bem amarrado, sem questões soltas ou “buracos”. O diretor é econômico em seus movimentos, não deixando nada solto e sem motivo para estar ali. A narrativa é linear, em ritmo inicial lento, mas crescente, com clímax muito bem definido. A estética toda da obra me agradou bastante, do desenho de produção, com a casa de fazenda largada e sombria e os objetos de cena antigos, à fotografia colorida com belas cenas de luz e sombra. A construção do som também foi bem eficiente, aumentando a tensão quando acionado. Quanto ao elenco, a escolha do ator Diego Montez (que eu não conhecia) para protagonista se mostrou acertadíssima – ele revelou um trabalho sólido, muito bem feito, cativa quando tem de cativar e assusta quando tem de assustar, muito bom mesmo; Yohan Levy despertou minha profunda simpatia desde o início e apresentou uma interpretação igualmente eficiente; a dupla Cristina Pereira e Analu Prestes não poderia ser mais adequada como as tias sinistras do rapaz, o que não surpreende, pois são atrizes sensacionais. Luiza Kozowski, como Amanda, Gilda Nomacce como Hilda, Ana Carbatti como Vera e Jimmy London como o caseiro. Olha... um filme de terror sobrenatural, no estilo folk horror, de muita qualidade, do qual gostei muito. Espero que o diretor continue nessa linha. Assistido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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