Filme do dia (22/18) - "A Igualdade é Branca", de Krzysztof Kieślowski, 1994 - Karol Karol (Zbigniew Zamachowski) é um polonês radicado em Paris e casado com a bela Dominique (Julie Delpy). Por não conseguir consumar o casamento, Karol é rejeitado por Dominique, que pede o divórcio. Sozinho, sem dinheiro e sem dominar a língua do país, Karol passa a dormir nas ruas de Paris. Sua realidade começa a mudar quando conhece Mikolaj (Janusz Gajos), um conterrâneo que lhe oferece ajuda.
O segundo filme da Trilogia das Cores concentra-se na questão de pertencimento/não pertencimento, estranhamento, inadequação e adaptação. Tanto no que se refere ao entorno - país estrangeiro "versus" terra natal - quanto no que tange ao relacionamento do casal - casamento desfeito, desencontro entre o afeto e a questão sexual - tudo aponta para a desconexão, a desunião, o desentendimento, ainda que haja intenções diametralmente opostas a esses. Existe, ainda, mas em menor grau que em "A Fraternidade é Vermelha", a questão da empatia e diálogo, focada, no caso, na total ausência deles - Dominique não consegue compreender o problema de Karol e acaba rejeitando-o; na França, os franceses e na Polônia, os poloneses, são incapazes de entender e acolher os estrangeiros (respectivamente Karol e Dominique), negando-lhes, de certa forma, direitos e, porque não dizer, sua própria humanidade. O diálogo e a empatia parecem só serem possíveis entre os iguais - ou seja, Karol e Mikolaj, tanto que eles se ajudam e "se salvam" mutuamente (sem spoilers). A obra desenvolve-se bem, mas não possui a mesma carga dramática encontrada nos outros dois filmes da trilogia. Ainda assim, por tratar de temas universais - o eu e o outro, as diferenças e semelhanças entre aqueles - o espectador facilmente se identificará com algumas (senão todas) as questões sugeridas. Como em "A Fraternidade é Vermelha", temos citações dos demais filmes da trilogia - a senhora que tenta jogar uma garrafa no lixo e não consegue (cena que acontece nos três filmes, com diferentes interações com os personagens de cada obra), a rápida aparição da personagem de Juliette Binoche. A estética apurada se mantém, aqui com o predomínio do branco e dos tons de cinza e preto. A fotografia continua impecável. As interpretações do trio de atores principais - Zbigniew Zamachowski, Julie Delpy e Janusz Gajos - são impecáveis, com destaque para Zbigniew Zamachowski, cuja carga dramática supera a dos demais. O filme pode não ser o melhor da trilogia - na verdade, talvez seja o mais fraco - mas ainda é um filme muito bom, bem acima da média. Recomendo junto com os demais. PS - como a minha memória me traiu!!!!! O filme é totalmente diferente daquilo que eu me lembrava!!!! Começo a duvidar da minha opinião sobre vááááários filmes que eu tenho aqui comigo....
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