top of page

“A Lágrima Secreta”, de Ken Loach, 1967

  • hikafigueiredo
  • 16 de jun.
  • 2 min de leitura

Filme do dia (41/2025) – “A Lágrima Secreta”, de Ken Loach, 1967 – Joy (Carol White) é uma jovem de 18 anos que se envolve com o assaltante Tom (John Bindon). Logo após o nascimento do filho do casal, Tom é preso e Joy se vê sozinha no mundo. Enquanto luta para sobreviver, Joy conhece Dave (Terence Stamp), outro criminoso, e por ele se apaixona.


ree

 

Terminando o box “Nouvelle Vague Britânica – Volume 2”, assisti a esta obra, primeira incursão do diretor Ken Loach ao cinema. Seguindo o cânone do movimento, o filme envereda pelo realismo social, focando sua atenção na personagem Joy e na condição da mulher nos estratos sociais mais populares naquele momento histórico. Joy é claramente o resultado de seu meio – produto de uma família pouco funcional e sem qualquer expectativa para o futuro, ela se envolve seguidas vezes com criminosos como forma de garantir seu sustento. Imatura, insegura e sem estudo, Joy só consegue trabalhos informais e, quando se vê sozinha, acaba tendo de morar com sua tia prostituta. O filme traz um retrato pouco salutar e nada animador da realidade social das camadas populares, onde necessidades básicas e contravenção andam lado a lado e poucas alternativas restam às mulheres jovens e mães solo, abandonadas à própria sorte. Se, por um lado, Joy revela um comportamento ingênuo e infantilizado, apaixonando-se genuinamente por um criminoso – afinal, pela primeira vez, ela é tratada com afeto -, por outro, ela se mostra interesseira e materialista, mesmo que isso signifique ignorar qualquer ética e adentrar pela ilegalidade. A protagonista, ao longo da narrativa, sofre toda sorte de violência – física, sexual, psicológica -, inclusive de seu parceiro Tom, e é difícil não se solidarizar com a personagem. A narrativa é crua, seca, e ainda que Joy guarde  sonhos e esperanças quanto a um futuro melhor – calcada na ilusão de um casamento com Dave -, o sentimento que fica ao espectador é de absoluta amargura e desilusão, pois não parece haver qualquer possibilidade de melhoria à nossa pobre protagonista. A obra tem um ritmo lento, moroso, um fragmento angustiante de uma vida infeliz e sem cores. Confesso que tive certa dificuldade em assistir ao filme, pois o que temos é uma sequência de acontecimentos cotidianos, sem importância e que não acena com algum sinal de mudança daquela realidade. Eu normalmente gosto de “cinema do cotidiano”, mas eu achei tudo aqui meio insalubre demais e, ao mesmo tempo, monótono, e tive de lutar contra o sono. Destaco, aqui, o trabalho convincente de Carol White como Joy – a personagem revela nuances interessantes, aquela mistura de ingenuidade com malícia que faz o espectador não saber ao certo se gosta ou não da protagonista; Terence Stamp e John Bindon também apresentam interpretações marcantes como, respectivamente, Dave e Tom. O filme, muito embora seja o interessante registro de uma época, bem como um retrato de determinada realidade social, não me motivou muito não – achei tudo bastante chatinho, ao ponto de me dar certo ranço até da Nouvelle Vague Britânica, que, até então, eu estava gostando bastante. O filme não está disponível em nenhum streaming, só podendo ser assistido em mídia física ou torrent (mas não recomendo não).

 
 
 

Comentários


bottom of page