Filme do dia (11/2020) - "A Música de Gion", de Kenji Mizoguchi, 1953 - Miyoharu (Michiyo Kogure) é uma gueixa que aceita como aprendiz a jovem e impetuosa Eiko (Ayako Wakao), de apenas 16 anos. No entanto, a personalidade determinada de Eiko poderá trazer problemas para sua tutora.
Mizoguchi tinha um fascínio pela vida das gueixas e cortesãs, sendo, estes, temas recorrentes da sua obra. Neste filme, o diretor se aprofunda na temática das gueixas e mostra não apenas o lado bonito da profissão, mas também seu lado sombrio, pois, por vezes, o papel de entreter os clientes ultrapassava o limite das tradições e enveredava para uma quase prostituição. A obra é bastante interessante, mostra um pouco do treinamento das jovens que pretendiam virar gueixas e as relações de poder a que elas eram submetidas (as proprietárias das casas de chá agiam quase como cafetinas, não apenas agendando horários para atendimento, mas, ainda, determinando quando o trabalho seria estendido para além das atividades habituais). Temos, também, no filme, um bonito exemplo de sororidade e afeto desenvolvido entre Miyoharu e Eiko que, de meras desconhecidas tornam-se quase mãe e filha. Gostei demais da direção de arte do filme, com todos aqueles quimonos intrincados das gueixas e os ambientes requintados das casas de chá tradicionais. Também curti muito a interpretação de Michiyo Kogure como a experiente e protetora Miyoharu e de Ayako Wakao como a atrevida Eiko/Miyoei. Apesar de não ser tão famoso, o filme é ótimo, prende o espectador e tem um ritmo não tão lento como costuma ser o cinema japonês. Recomendo.
PS - O filme também é conhecido como "Os Músicos de Gion", mas como não tem nenhum músico no filme, achei que a tradução "A Música de Gion" mais coerente.
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