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  • hikafigueiredo

"A Maldição da Bruxa", de Lukas Feigelfeld, 2017

Filme do dia (46/2021) - "A Maldição da Bruxa", de Lukas Feigelfeld, 2017 - Áustria, século XV. Albrun (Aleksandra Cwen) é uma pastora de cabras que, após a morte de sua mãe, vive sozinha nas montanhas austríacas. Apontada pelas crianças como bruxa, ela parece se sentir aliviada quando uma moradora da vila próxima a acolhe. Mas nem tudo é o que parece.





Existem filmes de terror e existem FILMES DE TERROR. Nos primeiros, abusam-se do expediente do "jumpscare", tentando pegar, de surpresa, o espectador desavisado, ou, ainda, utilizam-se de cenas "gore", com profusão de sangue cenográfico e efeitos especiais que simulam mutilações, eviscerações e similares, tentando envolver o público em certa "aflição visual". Mas, bem além deste tipo de terror banal, existem os FILMES DE TERROR - com letras maiúsculas mesmo. São obras que evocam um horror mais primitivo, um medo ancestral do desconhecido e do inexplicável, e que, pouco a pouco, envolvem o espectador em um sentimento de angústia e em sensações difíceis de compreender. Normalmente, esses filmes tendem ao terror psicológico e colocam, para trabalhar, a própria imaginação do público, ao invés de apresentar seu objeto abertamente. "A Maldição da Bruxa" é um típico representante deste segundo grupo. Fortemente inserida no subgênero do "terror folk", a obra consegue extrair, do espectador, sensações esquecidas, habitualmente só acessadas através dos pesadelos mais sombrios. É um medo obscuro, quase inexplicável. Na história, a pastora Albrun vive uma existência profundamente solitária nas montanhas austríacas. Mãe "solo" de um bebê de poucos meses, ela quase não tem contato com outros seres humanos e, quando tem, é para ser humilhada e ofendida por eles. Mergulhada em meio a uma densa e escura floresta, cercada apenas de seus animais, Albrun encontra certo conforto quando Swinda, uma moradora da vila mais próxima, aproxima-se e oferece algum acolhimento. No entanto, um evento violento, jogará de volta à solidão a jovem mulher e trará, à tona, os piores sentimentos e a mais profunda insanidade nela existentes. A Narrativa é linear, apesar de ter um desenvolvimento que nos remete ao ambiente onírico, e o ritmo, lentíssimo, quase arrastado - os acontecimentos rastejam em nossa direção como uma cobra, vagarosamente. Quanto à atmosfera, o filme É a atmosfera - o espectador imerge em um verdadeiro pesadelo, o ar chega a faltar, tamanha a opressão no peito. Tecnicamente, fotografia e direção de arte andam lado a lado para proporcionar um ambiente inóspito, majoritariamente escuro, sombrio, pesado. Muito da atmosfera é construído à base dos sons: é uma obra muito silenciosa, com poucos - pouquíssimos - diálogos, mas rica em ruídos e com uma das trilhas sonoras incidentais mais opressivas que eu me lembro de já ter me deparado, uma música - se é que aquilo pode ser chamado de música - grave, soturna e chorosa. Quanto ao elenco, Aleksandra Cwen está irretocável como a solitária Albrun, que, pouco a pouco, torna-se obscura, à beira da insanidade. Destaque para a cena final, um clímax apavorante. O filme é muuuuuuuuito bom! Para quem gosta de terror profundo, é um prato cheio! Recomendo demais!

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