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hikafigueiredo

"A Maldição de Lemora", de Richard Blackburn, 1973.

Filme do dia (90/2021) - "A Maldição de Lemora", de Richard Blackburn, 1973 - Após seu pai assassinar sua mãe, a adolescente Lila Lee (Cheryl Smith), a qual é criada por um pastor batista, foge de casa para tentar achar o pai e perdoá-lo pelo crime. No entanto, ela acaba caindo em uma cidade infestada por vampiros, sendo acolhida por Lemora (Lesley Taplin), sem saber que é ela quem comanda todas aquelas criaturas.





Abordando, de maneira pouco sutil, um tema para lá de indigesto - a pedofilia -, este terror gótico discorre acerca de uma disputa entre o "bem" e o "mal", pela alma da jovem personagem Lila Lee - a grande questão é que os limites entre o suposto bem e o mal são bastante tênues. Assim, temos, de um lado o "guardião" dos valores cristãos na figura de um pastor - que, embora grite no púlpito sobre a moral e ensine sobre a bíblia para a adolescente Lila, não consegue esconder a evidente atração sexual pela menina -, e, de outro, como a representante das trevas, a vampira Lemora - que, rapidamente, desenvolve uma relação bastante ambígua com a jovem, às vezes tratando-a como filha, outras como "companheira". O interessante aqui é que mesmo a personagem Lila Lee tem facetas dúbias - por mais que ela aparente uma inocência angelical, existe, nela, um lado sombrio onde ela se compraz pelo interesse masculino, bem como se assoberba por ser alçada a mártir, anjo, ou outros adjetivos elogiosos por parte do pastor, regozijando-se por ser admirada pelos fiéis. Não há, pois, na história, alma incontroversamente pura, nem inocente. A narrativa é linear, em ritmo marcado, sempre acompanhando a personagem Lila Lee. A atmosfera é bastante sombria e há momentos de bastante tensão - principalmente aqueles ligados às criaturas da floresta. Inexiste luz do dia na história - tudo se passa à noite, o que faz da obra um filme bastante escuro. A narrativa exagera também nas cenas de perseguição - tem umas três ou quatro cenas de perseguição no filme, a última bastante longa, que, lá pelas tantas, pareceram estar ali só para preencher buraco. Eu gostei da escolha de Cheryl Smith como Lila Lee - a menina é uma graça e transmite essa ideia ambígua de "Lolita" -, ao contrário de Lesley Taplin, que não me "ganhou" como Lemora - essa personagem merecia uma atriz mais sedutora, com um "it" a mais e não a insossa Taplin. Eu gostei bastante do filme, ele me prendeu desde o começo e o desfecho me agradou. Recomendo.

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