Filme do dia (215/2018) - "A Noiva Síria", de Eran Riklis, 2004 - Em uma cidade nas Colinas de Golã, área síria ocupada por Israel, Mona (Clara Khoury), uma jovem drusa, prepara-se para casar com um astro da televisão, também druso, mas morador de Damasco, na Síria. No entanto, os noivos terão de enfrentar uma série de contratempos para conseguir realizar a cerimônia, marcada para acontecer na fronteira entre Israel e Síria.
Este é um filme realizado para denunciar os absurdos burocráticos enfrentados por aqueles que residem em áreas ocupadas ou, ainda, disputadas entre dois países. Começa que a família de Mona, sendo drusa, não é considerada nem síria, nem israelense, e seus membros têm nacionalidade "indefinida", de forma que não podem contar, sequer, com um corpo diplomático que os defendam. Além disso, Israel considera a região das Colinas de Golã como seu território, tendo em vista ter sido anexada ao país, o mesmo acontecendo com a Síria, que considerada a área como síria e irregularmente ocupada pelo país vizinho - em outras palavras, é "uma terra de ninguém"!!!! Nessa situação, os moradores das Colinas de Golã vivem uma situação esdrúxula, pois vivem em um país (Israel) com o qual não se identificam cultural, religiosa ou politicamente. O filme mostra essa circunstância e, ao longo do processo para realizar a cerimônia, os envolvidos no casamento - dentre os quais uma funcionária da ONU - enfrentarão situações kafkanianas, de burocracias irresolvíveis a má vontade explícita das autoridades dos dois países. Não bastasse isso, há pinceladas de conflitos étnicos, políticos e religiosos ao longo da narrativa, quase incompreensíveis para os ocidentais. A obra é bem realizada, o desenrolar da trama é bem conduzido e o desfecho, conquanto "aberto", deixa evidente a conclusão, única possível (e chocante). A obra é interessantíssima e vai agradar quem gosta de filmes com temática político-cultural. Gostei bastante e recomendo.
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