Filme do dia (71/2017) "A Paixão de Ana", de Ingmar Bergman, 1969 - Andreas (Max Von Sidow) vive recluso em sua casa em uma ilha pouco habitada. Certo dia, uma mulher desconhecida surge, pedindo para usar seu telefone. Andreas, então, conhece Ana (Liv Ullmann) e, a reboque dela, o casal amigo Eva (Bibi Andersson) e Elis (Erland Josephson). Inicialmente estabelece-se um contato cordial entre todos, que logo evolui para um relacionamento amoroso entre Ana e Andreas. Mas as feridas particulares de cada um se negarão a cicatrizar.
Nessa obra, Bergman mais uma vez disseca os relacionamentos humanos, e, particularmente, os amorosos. É um filme angustiado e angustiante, que não abre espaço para uma visão otimista do relacionamento amoroso. Como tudo do Bergman, é uma obra que o espectador pode cavar que sempre encontra mais discussão embaixo, mais referências, mais emoções. Este filme me despertou muitos sentimentos - pesares, angústias, culpas, medos, decepções; a impressão é que os personagens - em especial, Ana - carregam um mundo em suas costas e nenhum sofrimento pode ser, de fato, superado ou esquecido - ele sempre retornará com força total quando, aparentemente, estava adormecido. O filme tem, ainda, pequenos excertos de metalinguagem - quatro, para ser mais exata, um para cada ator/atriz, os quais discorrem sobre seus personagens e que servem para balizar a natureza interior destes últimos. Tecnicamente, o filme é perfeito, com destaque para a bela fotografia de Sven Nykvist. O elenco conta com os quatro "prediletos" de Bergman, os quatro de talento excepcional - mas devo admitir que Liv Ullmann extrapola o talento dos demais. Apesar de pouco conhecido, é um filmaço (qual Bergman não é ???). Mas atenção - melhor não ver se estiver em crise conjugal ou deprimido...
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