- hikafigueiredo
"A Tortura do Medo", de Michael Powell, 1960
Filme do dia (06/18) - "A Tortura do Medo", de Michael Powell, 1960 - Mark (Karlheinz Böhm) é um fotógrafo que sente fortíssima atração pelo medo. Obcecado em registrar a mais pura expressão do terror, Mark passa a assassinar mulheres, filmando o exato momento de sua morte e a expressão de horror de suas vítimas.

Reverenciado por Martin Scorsese como uma das mais brilhantes obras do cinema mundial, o filme tem alguns méritos indiscutíveis. O primeiro é o teor metalinguístico que o acompanha e que o faz dialogar com outra obra obrigatória - "Janela Indiscreta", de Hitchcock. Em ambos os filmes, o espectador é colocado "atrás" das câmeras, num "ângulo" privilegiado em relação à ação que se desenvolve. Ambas as obras, ainda, relacionam o cinema ao voyerismo, isto é, o cinema estaria diretamente relacionado ao "prazer de olhar", em especial quando relacionado aos filmes de suspense e terror, onde esse prazer estaria diretamente ligado ao medo e à aproximação da morte. No entanto, apesar das virtudes do filme e de sua riqueza de conteúdo, ele não conseguiu me envolver como eu esperava (o que me deixou frustradíssima, por sinal). A obra, em outras palavras, funciona muito mais como um estudo cinematográfico do que como filme de suspense em si, onde o envolvimento do espectador é obrigatório para o "sucesso" da obra. Em todo caso, como eu posso estar apenas em um mau dia, acho que seria interessante visitar o filme uma outra hora e ver se "rola" melhor. Karlheinz Böhm interpreta um Mark esquisito, eternamente tenso, o que até que combina bem com a história. Anna Massey, por sua vez, é uma "mocinha" improvável e não me convenceu no papel (ela tem o apelo de um chuchu, sério). Como já disse, é um filme interessante, mas que não me conquistou. Ainda assim, acho que merece ser visto.