Filme do dia (178/2018) - "A Viagem de Meu Pai", de Philippe Le Guay, 2015 - Claude Lherminier (Jean Rochefort) é um ex-empresário de 80 anos que, pouco a pouco, perde a memória, fazendo com que sua filha Carole (Sandrine Kiberlain) fique sobrecarregada, ao mesmo tempo em que espera um contato de sua outra filha, Alice.

A obra, tocante ao extremo, trata dos desafios da terceira idade, do apoio familiar, das limitações dos idosos e de seus cuidadores e, acima de tudo, da paulatina e penosa desconexão com a realidade que atinge alguns idosos. Claude sofre de demência senil que, de início, revela-se através de leves esquecimentos que, progressivamente, vão se tornando mais constantes. Ao longo da narrativa, Claude passa a ter ausências, para, enfim, fechar-se em seu mundo próprio, quase completamente desligado da realidade. A obra dialoga com dois outros filmes - "Amor", no que tange à decadência decorrente da idade avançada, e "Para Sempre Alice", no que se relaciona à gradativa perda de memória. A narrativa é extremamente bem construída, pois mostra a decaída de Claude de maneira bastante gradual, sem saltos abruptos. Gostei como, a certa altura, realidade e demência chegam a se fundir, como se entrássemos na mente do idoso e víssemos através de seus olhos. É um filme muito comovente, diria que doído até, daqueles que a o espectador termina de ver em silêncio, de maneira circunspecta. Destacaria, na obra, o excelente roteiro e as ótimas interpretações, em especial de Jean Rochefort que dá vida ao confuso, por vezes doce, por vezes grosseiro, Claude. Obra muito, muito, muito boa, recomendo demais (mas aviso que pode ser um pouco depressivo).
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