Filme do dia (95/2018) - "A Vida de um Tatuado", de Seijun Suzuki, 1965 - Tetsuo (Hideki Takahashi) é um yakuza que, para proteger o irmão Kenji (Kotobuki Hananomoto), foge com ele para uma cidade pequena, onde tenta viver longe do crime. Clãs rivais, no entanto, irão envolver novamente os irmãos na criminalidade.
Como de costume, Seijun Suzuki aborda, aqui, a existência à margem da sociedade, acompanhando um fragmento da vida de um yakuza. É interessante ver como o diretor dá uma dimensão bem humana ao assassino Tetsuo - ele não é um criminoso frio, tampouco age de forma irresponsável; ao contrário, Tetsuo demonstra dignidade, responsabilidade e correção em sua conduta, mesmo sendo um assassino. Afetuoso e protetor, Tetsuo protege não apenas seu irmão, mas todos aqueles a que se afeiçoou ou por quem desenvolveu respeito. Já Kenji surge como um jovem romântico e ingênuo, que acabou envolvido com o crime apenas por defender seu irmão em uma emboscada. O universo yakuza é mostrado sob uma ótica romântica, onde as virtudes são majoradas frente aos evidentes pontos negativos (afinal, estamos falando de gangsteres!!!). Também como habitual na obra do diretor, o desfecho não pode ser considerado "feliz" - aparentemente Seijun Suzuki curte um final impactante. A narrativa é bem confusa no início - são muitos clãs e famílias e é difícil entender a relação de umas com as outras - mas, aos poucos as coisas se encaixam e o espectador consegue se situar perfeitamente na história. A história começa um pouco devagar, mas vai ganhando ritmo e termina bem "movimentada". O diretor também trabalha com elementos de suspense e consegue criar uma atmosfera bem interessante a partir desses elementos (vide o recorrente sapato vermelho). A fotografia da obra é um caso à parte - na maior parte do tempo suave, a luz torna-se bastante marcada, fazendo recortes precisos e fortemente dramáticos no clímax da história (uma luta de espadas) - muito, muito bacana!!! As interpretações são boas e cumprem bem seu papel (não tenho como não destacar a beleza física de Hideki Takahashi!!!! Muito gato! rs). Mais uma vez é possível perceber a influência de Suzuki na filmografia de Tarantino na já mencionada cena de luta de espadas. O filme é beeeeem legal, principalmente na sua meia hora final. Curti bastante e recomendo.
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