Filme do dia (159/2021) - "A Vigília", de Keith Thomas, 2019 - Yakov (Dave Davis) é um judeu ortodoxo que se afastou da religião por conta de um episódio traumático em sua vida. Necessitando de dinheiro, ele aceita um trabalho de "shomer" - uma pessoa encarregada de fazer velar um recém falecido quando ninguém da família puder fazer. No entanto, em pouco tempo, ele perceberá algo de muito estranho naquela situação.
Este interessante filme de terror aproveita algumas tradições judaicas para criar um ambiente propício para uma história cheia de elementos sobrenaturais. O personagem Yakov passou por um evento trágico que o levou a se afastar da comunidade judaica ortodoxa da qual fazia parte. Por conta deste evento, Yakov desenvolveu sérios problemas psiquiátricos, necessitando de poderosas medicações para alcançar algum equilíbrio. O filme aproveita esse fator psicológico para fazer com que Yakov desconsidere os primeiros indicativos de que alguma coisa encontra-se bastante errada na situação de vigília que está vivendo - ele acredita que esteja tendo alucinações decorrentes de seu trauma e não que esteja passando por uma circunstância sobrenatural. Assim, a situação vai se tornando cada vez mais sombria e complexa até Yakov não poder mais negar as evidências de que aquilo não é uma construção de sua mente. Como é costume em filme de terror, a atmosfera de tensão vai num crescendo até chegar ao clímax - e aqui temos o maior problema da obra. O filme é extremamente hábil em criar o "climão" típico do gênero. Também usa, com competência, alguns episódios de "jumpscare" - eu sabia que ia rolar um susto e, ainda assim, caia nele! No entanto, quando chega ao clímax, ele se mostra muito aquém do que a narrativa prometia, justamente porque se mostrou bastante tensa até então. Eu preciso dizer que o clímax me frustrou um pouco, primeiro por ser bem menos assustador que o que veio antes e segundo porque foi mal editado, mal construído - a obra merecia um ponto alto melhor, sinceramente. Os efeitos especiais do filme também são um pouco irregulares - alguns muito bons, outros deixam a desejar. Gostei bastante da ambientação - a casa, naquela situação e com aquela iluminação, tornou-se bastante assustadora. Achei o trabalho de interpretação de Dave Davis bastante eficiente - seu Yakov agarra-se, com veemência, à lógica e à ciência, sofrendo por acreditar estar em delírio e buscando o apoio de seu psicólogo; mesmo quando o personagem passa a aceitar a estranheza da situação, o ator mostra competência - até o clímax, que, como eu disse, põe bastante a perder e é o momento em que o intérprete dá uma rateada (deu para perceber que eu não gostei, especificamente, desta cena, né?). A obra tem mais acertos do que erros e ainda traz todo o peso das milenares tradições judaicas, o que eu achei um mérito. É um filme de terror bem razoável e vale, sim, a visita.
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