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"Abutres", de Pablo Trapero, 2010

  • hikafigueiredo
  • 25 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

Filme do dia (370/2020) - "Abutres", de Pablo Trapero, 2010 - Sosa (Ricardo Darín) é um advogado que trabalha com seguros de acidentes automobilísticos; Luján (Martina Gusmán) é uma paramédica que trabalha no resgate à acidentados. Os caminhos dos dois irão se cruzar, modificando totalmente seus destinos.




A obra trata-se de um filme-denúncia que discorre sobre a "máfia" que se instalou na Argentina e que, em um só tempo, fraudava as seguradoras e lesava os segurados. O filme foi tão cirúrgico em suas críticas que gerou uma discussão naquele país que culminou com a mudança na legislação argentina quanto ao tema. No filme, a "máfia" envolvia advogados, médicos, administradores de hospitais, delegados e policiais, formando uma verdadeira rede de corrupção que esvaziava os valores pagos aos segurados, que, no final das contas, acabavam não recebendo quase nada do seguro. Além disso, essa mesma rede era responsável por inúmeras fraudes às seguradoras, chegando ao ponto de participar de acidentes forjados. Na história, Sosa é um advogado especializado no tema que, seguindo a maré, acaba se envolvendo com tal máfia, tornando-se uma de suas peças. Ao conhecer Luján, uma médica ética e comprometida com sua profissão, Sosa se apaixona, mas, como condição para ficarem juntos, ele precisa afastar-se das ações fraudulentas - o que se mostra nada fácil de fazer. A narrativa é linear, bem conduzida, amarradinha, o ritmo é crescente e a atmosfera é de tensão - o que começa como um drama leve, gradualmente se torna um thriller carregado de suspense. Gostei de como os personagens foram estruturados - Darín é praticamente um anti-herói, pois, ainda que bem intencionado, está envolvido até os ossos com a máfia instalada; Luján, por sua vez, é evidentemente uma idealista, que se sacrifica por sua profissão, mesmo sendo constantemente explorada e beirando a exaustão. Quanto às atuações, bom, eu adoro o Darín, mesmo que ele esteja interpretando um vaso de plantas, então sou suspeita para falar qualquer coisa (mas, para mim, ele está perfeito!) e Martina Gusmán está impecável como a esgotada Luján; José Luis Arias interpreta o corrupto, verdadeiramente obsceno, Casal, o vilão que qualquer um ama odiar (e que a gente quer que sofra muito antes de terminar o filme). A obra é bem bacana - Darín raramente erra a mão nas suas escolhas de roteiro - e Trapero já dava mostras de sua competência como diretor bem antes de "O Clã" (2015). Eu curti e recomendo. Aliás, recomendo demais o cinema argentino como um todo!

 
 
 

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