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  • hikafigueiredo

"Amarelo Manga", de Cláudio Assis, 2002

Filme do dia (58/2018) - "Amarelo Manga", de Cláudio Assis, 2002 - Em Recife, diversos personagens levam suas vidas rotineiras e conflituosas, interagindo uns com os outros, apaixonadamente.





O diretor Cláudio Assis tradicionalmente retrata o submundo da sociedade nordestina - submundo, aqui, no sentido das classes menos afortunadas, do "populacho", dos humildes - e em "Amarelo Manga" não foi diferente. Nessa obra, o diretor traça um pequeno panorama da vida de pessoas simples, dos habitantes de pensões e favelas, dos trabalhadores braçais, dos iludidos pelos mercadores da fé, dos fregueses de botequins, dos camelôs, dos marginalizados. Não há, nessas vidas, uma lógica condutora - vivenciando, no limite, suas paixões, os personagens vagam, caoticamente, pela existência, absorvendo, com ânsia, tudo o que puderem da vida. Acho interessante, na obra, as inserções documentais em meio à ficção - retratos modestos das pessoas que serviram de inspiração para os diversos personagens. Assisti a esse filme no cinema, quando de seu lançamento, e uma coisa que me incomodou na época, continuou me incomodando - o uso excessivo e deslocado de linguagem chula. Veja bem, não sou, exatamente, um exemplo de palavreado educado e acho que meu linguajar habitual não seria tão bem aceito na corte da rainha da Inglaterra, então, se eu digo que os palavrões foram excessivos e soaram forçados, não é pura frescura de uma lady. Também acho completamente dispensável a cena em que matam um boi (cara, pra quê, me conta????). De pontos positivos, ressalto a fotografia caprichadíssima e enquadramentos inusuais e sofisticados - gostei muito dos plongées absolutos, com a câmera acompanhando, de cima, a movimentação dos personagens pelo cenário. Mas, ainda mais destaque merece a escolha de elenco e as interpretações - só fera!!! Matheus Nachtergaele, Chico Diaz, Dira Paes, Jonas Bloch e Leona Cavalli, todos, TODOS, excepcionais (mérito também da direção de atores de Cláudio Assis). Apesar do filme ter mais renome que as obras posteriores do diretor, é o que eu menos gosto, não desprezando suas virtudes (sou suspeita porque amo de paixão "Baixio das Bestas" e também curto muito "A Febre do Rato", então é compreensível que "Amarelo Manga" esteja atrás dos outros no meu ranking pessoal). Revendo, gostei mais da obra - é boa, bem boa.

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