Filme do dia (139/2021) - "Amores Brutos", de Alejandro González Iñarritu, 2000 - Octavio (Gael Garcia Bernal) é apaixonado por Susana (Vanessa Bauche), esposa de seu irmão Ramiro (Marco Pérez); Valeria (Goya Toledo) vai finalmente viver com Daniel (Álvaro Guerrero), que acaba de se separar da esposa; o mendigo Chivo (Emilio Echevarria) tem uma terrível tarefa a cumprir; em comum, um acidente de trânsito, amor e violência.

Nesta incrível obra de Alejandro González Iñarritu temos três histórias paralelas, costuradas pela dicotomia amor-violência. Todos os personagens trazem, em si, doçura e brutalidade, em medidas quase iguais. Se Octavio derrete-se em afagos para Susana, ele também consegue encomendar uma surra em seu irmão violento, agredir desafetos e colocar em um rinha seu amado rotveiller Cofi; Valeria e Daniel, antes amantes, agora dividem o mesmo teto, o que fará com que o sentimento entre eles se transforme e o amor dê lugar à agressões verbais violentas; Chivo, um ex-guerrilheiro, tornado matador de aluguel, sofre de saudades da filha que não vê há vinte anos. Até o cão Cofi traz, em si, essa dualidade, pois, amoroso com seu dono, é um carniceiro quando confrontado com outros cães. A narrativa é completamente não-linear, indo e voltando no tempo diversas vezes e intercalando cenas dos três núcleos (embora cada núcleo seja responsável por um sequência principal). O ritmo é alucinante, com uma edição excepcional. A atmosfera é de constante urgência por algo, uma certa ansiedade e uma angústia latente. A fotografia caracteriza-se por ser bastante saturada e contrastada. A interpretação dos atores envolvidos é muito boa, todo mundo está muito bem, mas os destaques ficam por conta dos protagonistas de cada núcleo - Gael Garcia Bernal como Octávio, Goya Toledo como Valeria e Emilio Echevarria como Chivo, até por serem, todos, personagens muito conflituosos e marcantes. Para quem gosta de animais, não se preocupe, as cenas de rinhas de cães e os cachorros "mortos" não são reais - eu fiquei vinte anos para ter coragem de ver esse filme e, no fim das contas, as cenas nem são assim tão terríveis, apesar de muito bem filmadas e editadas. Destaque para o terceiro arco, o de Chivo, definitivamente o mais complexo e interessante. O filme foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, ganhando o BAFTA nessa mesma categoria. A obra é excelente e marcou a estreia de Iñarritu em longa-metragens com chave de ouro. Vale demais a visita!
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