top of page
  • hikafigueiredo

"Azyllo Muito Louco", de Nelson Pereira dos Santos, 1970

Atualizado: 4 de set. de 2021

Filme do dia (216/2016) - "Azzylo Muito Louco", de Nelson Pereira dos Santos, 1970 - Brasil Colônia. Após a fuga do antigo sacerdote, padre Simão chega à Vila de Serafim decidido a cuidar das almas dos moradores da vila. Acumulando a atividade do sacerdócio com a medicina, padre Simão decide construir um hospício no local. Ocorre que, após a inauguração do manicômio, o padre passa a creditar loucura a todos os habitantes do lugar, lotando rapidamente o hospício.





Nessa livre adaptação do conto "O Alienista" de Machado de Assis, Nelson Pereira dos Santos leva para a tela não apenas uma crítica à ciência e à medicina (presentes na obra original), mas, também uma crítica, por vezes sutil, por outras nem tanto, à estrutura da sociedade brasileira e, mais especificamente, ao momento político em que o país se encontrava naquela época (anos 70 - ditadura militar). A obra, claramente alegórica, chega a dialogar com outra tão simbólica quanto, o filme "Terra em Transe", de Glauber Rocha. Boa parte dos diálogos são dúbios e referem-se tanto à ficção narrada quanto à realidade vivenciada pelo diretor, podendo, o espectador, permanecer na superfície e aproveitar a adaptação do conto, ou, se preferir, mergulhar na crítica a ela associada. Justamente por ser uma alegoria, não é dos filmes mais fáceis de assistir e absorver. Visualmente, é um filme muito colorido e vistoso, com uma direção de arte exótica e um figurino... bem... quase carnavalesco (rs). A ambientação foi feita em Paraty e, ao menos para mim, foi meio chocante o contraste daquele espaço de época com tanta cor e roupa espalhafatosa. Uma coisa que me incomodou bastante foi a sonoridade da obra - de um lado, uma qualidade de áudio péssima, que muitas vezes dificultava a compreensão do texto; por outro, uma trilha sonora dissonante, com algo que eu não ouso chamar de música, porque para mim era só um monte de barulho desconexo e cujo objetivo eu não captei (talvez uma aproximação do Cinema Marginal, que propositalmente causava desconforto e, até mesmo, repulsa, ao público, mas não sei ao certo, é apenas uma conjectura). Quanto às interpretações, Nildo Parente deu vida ao padre Simão, e Isabel Ribeiro interpretou - muito bem, por sinal - a personagem D. Evarista. Destaque para a belíssima e controversa Leila Diniz como Eudóxia. Admito que, num primeiro momento, o filme me deu um sono danado, mas, depois de um cochilo, consegui engatar e terminar de assisti-lo de boa. É um filme ótimo, riquíssimo em significados, mas para ser assistido num bom dia ou não vai rolar. Só recomendo para quem estiver realmente com disposição.

26 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page