Filme do dia (184/2018) - "Balzac e a Costureirinha Chinesa", de Dai Sijie, 2002 - China, 1971. Durante a Revolução Cultural, os estudantes Luo (Chen Kun) e Ma (Liu Ye) são enviados a um vilarejo distante nas montanhas da região do Tibete para serem "reeducados" segundo os preceitos maoístas. No local, conhecem a costureirinha (Zhou Xun) e por ela se apaixonam. Decididos a ensinar a jovem a ler, os rapazes passam a lhe apresentar os clássicos da literatura mundial, escondidos de todos, pois a atividade seria considerada anti-revolucionária e poderia custar-lhes a liberdade e, até, a vida.
Nessa poética obra, discorre-se sobre a capacidade da leitura e do conhecimento abrir horizontes e alargar o mundo. A costureirinha, cuja vida limitava-se aos vilarejos da região, ao ter contato com o conhecimento, a leitura e outras culturas além da sua, expande sua mente e seus sonhos até não mais caber naquele espaço limitado. Apesar do filme ser um drama, ele também tem uma boa dose de romance. O ritmo da obra é lento, como é de praxe nos filmes orientais, mas constante. A narrativa segue, majoritariamente, o tempo cronológico, mas, nos últimos 20 minutos de filme, essa lógica é subvertida, levando a um breve "passeio" temporal. O filme é muito bonito esteticamente e a fotografia, impecável, aproveita cada milímetro da paisagem exótica e maravilhosa do local onde se deram as filmagens. Na trilha sonora, música tradicional chinesa faz a alegria de quem gosta de sonoridades diferentes. Os três atores principais tiveram boas atuações, mas sem grandes destaques. É um filme leve e simpático, daqueles que fluem bem e não "pesam". Recomendo. PS: A obra foi indicada para o Globo de Ouro de Filme Estrangeiro de 2003 (junto com "Cidade de Deus", inclusive), perdendo para "Fale com Ela".
Comments