Filme do dia (351/2021) - "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge", de Christopher Nolan, 2012 - Oito anos após a morte do promotor Harvey Dent, Batman (Christian Bale) mantém-se desaparecido e Bruce Wayne, recluso. Durante um jantar beneficente em sua mansão, Bruce Wayne depara-se com a ladravaz Selina Kyle (Anne Hathaway), que furta um colar de sua mãe e suas digitais e Wayne percebe que talvez seja hora de ressuscitar o antigo herói.
Fechando a trilogia de Batman de Christopher Nolan, o filme abandona, em parte, a linha que vinha adotando desde o início e acaba apostando mais em pirotecnia do que na qualidade do roteiro (ainda assinado pelo diretor e seu irmão Jonathan). Fundindo diferentes histórias vindas das HQs do herói, o filme, na minha opinião, se perde nos excessos de personagens e deixa pontas soltas que enfraqueceram a obra - os dois anteriores pouco se afastavam do protagonista, focando nele e abrindo poucas frentes paralelas à principal, ao contrário daqui. A narrativa é linear, com alguns flashbacks do personagem Bane. O ritmo é bem frenético e a atmosfera perde muito o peso que vinha tendo - não há, aqui, aquele clima sombrio dos filmes anteriores, que para mim era a marca registrada do personagem. É difícil de explicar, mas mesmo existindo cenas de introspecção do protagonista, elas não passam a emoção que deveriam passar. Em outras palavras, falta alma ao filme. Também me incomodou ter um plot twist na história - reviravoltas na narrativa sempre têm de ser muito bem estruturadas para não parecerem algo remendado e, neste filme, foi exatamente a impressão que eu tive. Lógico que, tecnicamente, o filme é padrão blockbuster - tudo de qualidade excelente, mas sem nada muito ousado ou criativo, tanto que, ao contrário da obra que a antecedeu, o filme foi esquecido pelas grandes premiações. O elenco original se manteve - Christian Bale, Michael Caine, Morgan Freeman e Gary Oldman continuam em seus papeis, todos bem, mas me transmitiram certo esgotamento de seus personagens. Quatro personagens foram introduzidos: Selina Kyle/Mulher-Gato, interpretada por Anne Hathway - gostei da linha que adotaram para a personagem, ela é ambígua, complexa e não tenta rivalizar com a Mulher-Gato interpretada por Michelle Pfeiffer nos filmes de Tim Burton... aliás, sequer se nomeia como Mulher-Gato, e a única pista que nos é dada de que ela é essa vilã é pelos óculos tecnológicos que ela usa e que, quando "levantados", parecem duas orelhinhas felinas; John Blake, interpretado por Joseph Gordon Levitt - o personagem é astuto e ético, talvez tanto que até soe por demais raso, ou seja falta-lhe espessura; o vilão Bale, interpretado por Tom Hardy - o personagem tem nuances que só são percebidas no fim do filme e, para mim, a forma como essas nuances são reveladas foram quase apelativas e, para piorar, a máscara usada pelo personagem impede o espectador de ver qualquer expressão do ator... complicado, viu; e Miranda Tate, interpretada por Marion Cotillard - gosto demais da atriz e detestei vê-la numa personagem tão mal ajambrada como essa... a personagem não tem espessura, achei-a totalmente "mal costurada". Bom, é perceptível que eu não curto muito esse filme, ainda que não minta dizendo que não o assisti com atenção: ele envolve, mas me deixou um tanto decepcionada. De qualquer forma, fecha a trilogia e (graças a Deus) não dá muita margem para continuações para lá de desnecessárias. Da trilogia, é o mais frágil, mas ainda dá para ver (e acho que ninguém resiste de ver os anteriores e não fechar a trilogia, né? rs).
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