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"Cópia Fiel", de Abbas Kiarostami, 2010

  • hikafigueiredo
  • 8 de set. de 2019
  • 2 min de leitura

Filme do dia (192/2017) - "Cópia Fiel", de Abbas Kiarostami, 2010 - James (William Shimell) é um escritor de passagem pela Toscana, na Itália, para receber um prêmio por sua última obra, onde ele discute a importância da cópia em substituição ao original. Após sua palestra, James recebe o número de telefone de uma leitora que quer conversar com ele. Assim, conhece Elle (Juliette Binoche), uma mulher separada após a crise de seu casamento e com um filho adolescente. Juntos, colocarão à prova a importância da cópia.





Aviso aos navegantes: este é um filme "cabeça", daqueles que não oferecem respostas fáceis. Além disso, é um filme sobre relacionamentos, praticamente o "Cenas de um Casamento", do Bergman, só que filmado pelo Kiarostami . Podemos dizer que a obra é composta, basicamente, pelo início de um relacionamento e por sua crise (final ou não). O salto intermediário de um para o outro pode incomodar, confundir e irritar o público acostumado a roteiros tradicionais e temporais. Há ainda a discussão do original e da cópia - já que a relação-crise que a dupla vivencia é mera cópia da relação real em crise de Elle com seu ex-marido (confuso? Só vendo o filme mesmo para entender... ou não rs). A obra é fortemente interpretativa e vai muito da leitura do espectador. A forma não convencional não me incomodou, mas admito que os papéis relegados aos atores, fortemente marcados pelos papéis de gênero, sim. A mulher colocada como frágil, apaixonada, tentando a conciliação e a salvação do relacionamento, e o homem, frio, egoísta, autoritário, distante, isso me pareceu muito clichê e até meio misógino. Claro que não dá para esquecer que o diretor é iraniano e certamente tem, sim, muito de sua cultura no filme, mas, mesmo tendo consciência disso, fiquei incomodada (mas, como eu disse antes, tudo é leitura do espectador). Tecnicamente, o filme é muito caprichado - a fotografia, belíssima, consegue explorar bem as locações reais da Toscana (se não me engano, de Arezzo); a edição consegue dar uma ideia de movimento, acompanhando o fato dos personagens estarem quase que o tempo todo em trânsito; destaque para a interpretação fodástica da maravilhosa Juliette Binoche, que ainda se comunica, ao longo da obra, em três idiomas diferentes (francês, inglês e italiano) - aliás, achei interessantíssimo que, em pelo menos uma das discussões do casal, cada um fala a sua língua pátria, remetendo à absoluta falta de diálogo naquela situação - brilhante!!!! A cena final me remeteu ao interessante "Através das Oliveiras", do mesmo diretor (leitura pessoal, mais uma vez, leitura pessoal). A obra é excelente, pois abre espaço para muitas interpretações e eu adoro divagar sobre um filme, lê-lo e relê-lo diversas vezes e de diferentes ângulos. Mas vá com calma - se você não curte esse tipo de obra, melhor não se arriscar. Aconselho para quem gosta de "filme-cebola" (em camadas) rs.

 
 
 

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