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  • hikafigueiredo

"Chamada para um Morto", de Sidney Lumet, 1966

Filme do dia (42/2021) - "Chamada para um Morto", de Sidney Lumet, 1966 - Charles Nobbs (James Mason), um agente secreto britânico, é escalado para investigar o estranho suicídio de um diplomata suspeito de espionagem.





A obra, filmada na Inglaterra, é a adaptação para cinema do primeiro romance do escritor John le Carré, célebre por suas histórias sobre espionagem. Ocorre que reside justamente aí a maior fragilidade do filme. John le Carré concebeu suas mirabolantes histórias no auge do período da Guerra Fria e o resultado é que a temática recorrente era o embate entre o ocidente capitalista e a "grande ameaça vermelha", a União Soviética e o bloco socialista - evidentemente, os "mocinhos" eram sempre do primeiro grupo. Só que as repúblicas socialistas do leste europeu desmantelaram-se há muitos anos e poucas são as pessoas que se recordam da tensão existente durante a Guerra Fria, ou seja... a história e, a reboque, o filme, são extremamente datados, cheiram a naftalina! Por mais que a obra seja bem realizada, por mais que ela consiga criar um suspense, o espectador de hoje tem grande dificuldade em se envolver com uma história que já começa velha! Sem perder isso de vista, a narrativa segue duas frentes - a investigação acerca do hipotético suicídio e a conturbada vida pessoal do protagonista Nobbs, às voltas com sua esposa sabidamente infiel. A "frente" da investigação é a que se desenvolve melhor, com algumas boas sacadas e soluções; a "frente" da vida pessoal do investigador, na minha opinião, não se desenvolve tão satisfatoriamente, inclusive por trazer alguns diálogos medonhos, que beiram o ridículo. Lógico que chega um momento em que as duas frentes se emendam, num quase "duplo twist carpado" - John le Carré fez muita ginástica para dar o desfecho que deu ao filme, viu, algo que também não me agradou. O ritmo do filme é rápido, ágil, fácil de acompanhar. A atmosfera é de tensão e suspeita, adequado para o gênero. Achei curioso que, em algumas cenas, optou-se pelo uso de câmera na mão, algo bastante inusual no cinema mais mainstream. A trilha sonora puxada para um jazzinho é bastante marcante e muito presente. A interpretação de James Mason é bem conduzida e convincente, sem pesar a mão nas cenas mais emotivas; a interpretação de Harriet Andersson como esposa de Nobbs, ao contrário, me soou forçada e piegas, o que piorou os diálogos que já não eram a sétima maravilha; Maxmillian Schell, que interpreta o personagem Dieter, não me mostrou uma atuação digna de nota tampouco; por outro lado, delícia ver, na obra, a presença da diva Simone Signoret como Elsa Fennan - ela é sempre muito talentosa!!! Olha... não vou criticar o trabalho de direção de Sidney Lumet porque isso seria desonesto - ele cumpriu bem o seu papel -, mas não vou mentir que achei o filme um espetáculo porque a história é por demais peça de museu, o que impediu meu sincero envolvimento. Apesar de não achar exatamente ruim, eu passo.

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