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"Como Fazer Carreira em Publicidade", de Bruce Robinson, 1989

  • hikafigueiredo
  • 16 de dez. de 2019
  • 2 min de leitura

Filme do dia (141/2019) - "Como Fazer Carreira em Publicidade", de Bruce Robinson, 1989 - Denis Bagley (Richard E. Grant) é um renomado e genial publicitário que se depara com um bloqueio criativo ao ser contratado para fazer um comercial para um cremes para espinhas. Em pleno colapso nervoso, Bagley passa a renegar a publicidade e seus preceitos básicos, alegando querer se livrar para sempre da atividade. Quando uma grande espinha surge em seu pescoço, Bagley passa a ser confrontado pelas suas novas e "radicais" ideias.





O filme é uma impagável conjunção de humor negro, sarcasmo e non-sense e faz uma crítica profunda à sociedade de consumo, à publicidade, à mídia e, lógico, aos publicitários e executivos de marketing. A história imerge completamente no absurdo quando o personagem começa a conversar com sua espinha - mas não se engane, por trás dessa fina camada de non-sense, há um verdadeiro manual acerca de como se procede à manipulação do público pela publicidade -e não só por ela, mas por toda a mídia - nas sociedades de consumo. Quem preferir se manter na superfície da obra vai encontrar uma história que remete aos filmes do grupo inglês Monty Python, com aquele mesmo tipo de humor ácido; mas, como nas obras do mesmo grupo, o melhor está na crítica embutida na narrativa. Atenção aos diálogos cirúrgicos que não aliviam para ninguém!!! São várias as passagens que mereceriam destaque, mas vou me ater ao diálogo entre o protagonista e três idosos, no trem, acerca do uso da palavra "talvez" pela mídia e que, invariavelmente, induzem o receptor a interpretar a "possibilidade" como fato certo e definitivo - uma verdadeira aula de manipulação midiática (diga-se, de passagem, extremamente utilizada pela mídia da terra brasilis). O filme é delicioso e excepcional, mas vale comentar que muito do "sabor" dele advém da interpretação exageradíssima de Richard E. Grant - com seus olhos de azul profundo e sorriso impecavelmente branco, o ator nos brinda com um personagem histriônico, cujos comentários irônicos, provocativos e "afrontosos", disparados para todos os lados, surgem como golpes mortais para quem ousasse enfrentá-lo (para quem não se recorda, Richard E. Grant concorreu, este ano, 2019, ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por "Poderia Me Perdoar?" - tendo, inclusive, minha torcida!!!). Assisti a esse filme lá pela década de 90, em uma Mostra de Cinema de São Paulo qualquer, e já naquela época adorei. Revendo, eu o achei ainda melhor!!! Vale cada um de seus 90 minutos de duração!!! Recomendadíssimo.

 
 
 

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