“Coração de Cavaleiro”, de Brian Helgeland, 2001
- hikafigueiredo
- 28 de jul.
- 3 min de leitura
Filme do dia (49/2025) – “Coração de Cavaleiro”, de Brian Helgeland, 2001 – Nascido camponês, Willian Thatcher (Heath Ledger) torna-se escudeiro de um cavaleiro. Com a morte deste, Willian toma seu lugar, fingindo ser finado nobre. Após ganhar um torneio de armas, e com ajuda do escritor Geoffrey Chaucer (Paul Bettany), Willian passa a se apresentar como Ulrich, um cavaleiro, o que seria proibido para alguém de fora da nobreza, lutando em torneios e disputando a atenção e o amor de Jocelyn (Shannyn Sossamon), uma jovem e bela nobre, com o Conde Adhemar (Rufus Sewell).

Com inspiração um tanto quanto longínqua no Conto do Cavaleiro da obra “Os Contos da Cantuária”, do escritor medieval Geoffrey Chaucer, o filme traz boa parte dos elementos encontrados nas obras sobre o amor cortês e os ideais cavalheirescos, tratando de temas como honra, coragem, lealdade e amor platônico versus amor carnal. Ocorre que o filme, além de trazer esses temas recorrentes na literatura medieval, também abraça a “licença poética” com um vigor raro, pois a história de um camponês que almeja ser cavaleiro é absolutamente impensável dentro daquela realidade, de forma que há um desvirtuamento bem relevante da temática medieval. Tendo em vista essa licença poética considerável, a história é tão bonitinha e empolgante quanto previsível, o que nem de longe impediu que eu me divertisse com o filme. A história acompanha o escudeiro Willian desde a morte de seu senhor, quando, ousadamente, o empregado se faz passar pelo cavaleiro na final de um torneio de armas. Willian sai vitorioso e, empolgado, resolve concorrer em outras competições, sabendo que apenas nobres poderiam participar. Ajudado pelo escritor Geoffrey Chaucer – citação ao autor dos contos originais -, o qual falsifica documentos que comprovariam ser Willian, então renomeado como Ulrich, um nobre, Willian passa a se apresentar em vários torneios de armas, oportunidade em que conhece Jocelyn, uma jovem da nobreza, e por ela se apaixona. Na mesma ocasião, Willian conhece o Conde Adhemar, o qual disputará não apenas os torneios, mas, também, a atenção da bela Jocelyn. A narrativa é quase inteiramente linear, com duas cenas pequenas de flashback. O ritmo é intenso e crescente. Eu gostei demais do desenho de produção, ainda que entenda não ser muito fiel à realidade da época – e não é apenas que é tudo muito limpo para a Idade Média; temos “invencionices” bem criativas, como as vestimentas de Jocelyn que, por vezes aparentam propícias ao período e, em outras, são, claramente, bizarrice sem qualquer respaldo histórico. Como já mencionei, a licença poética é beeeeem grande e perpassa, também, pela trilha sonora que, sinceramente, achei completamente inadequada à narrativa - a cena, logo no início do filme, em que a plateia do torneio reverbera a percussão de “We Will Rock You”, do Queen, quase me fez desistir do filme, tamanhas estranheza e inadequação. Outra cena difícil de aceitar foi a do baile, em que há a fusão das danças de salão de época com movimentos dignos de uma balada atual – juro que não entendi qual foi esse barato do diretor do filme... Por outro lado, as cenas das batalhas dos torneios são excelentes, muito boas mesmo. Quanto às interpretações, Heath Ledger jamais decepciona, em qualquer papel – seu Willian é carismático e corajoso, impossível não torcer por ele. Já Rufus Sewell nasceu para interpretar vilões, tadinho, ela personifica canalhas com um talento inacreditável – seu Conde Adhemar é absolutamente odioso. Shannyn Sossamon é linda, nem tem o que dizer, mas a interpretação da atriz foi, na minha opinião, correta, mas sem brilho. Paul Bettany, por sua vez, rouba a cena como Geoffrey Chaucer, por sua eloquência e desenvoltura. Completam o elenco Mark Addy como Roland, Laura Fraser como Kate e Alan Tudik como Wat. Olha... é um filme engraçadinho e divertido, ótimo para adolescentes, que até vale a visita, mas que não vai marcar a vida de ninguém. Podem ver sem medo e sem muitas expectativas. Segundo o Justwatch, está disponível para alugar no Apple TV, no Prime Video e no Youtube Movies.



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