Filme do dia (64/2017) - "Crisântemos Tardios", de Kenji Mizoguchi, 1939 - Tóquio, 1885. Kikonosuke é o filho de um renomado ator de Teatro Kabuki, e, como o pai, segue o caminho do teatro. Apesar de péssimo ator, sempre é poupado críticas por ser filho de quem é. Um dia, Kikonosuke é surpreendido pela crítica sincera de Otuko, a empregada da família, a qual lhe revela que a bajulação só acontece na frente do jovem e que, por trás, as pessoas são bem cruéis. criticando-o com palavras duras. A sinceridade de Otuko conquista o ator, que por ela se apaixona, fazendo com que o jovem enfrente toda a sua família.
Nessa história de amor e dedicação, o diretor coloca em destaque a figura feminina, o que era praticamente impensável no Japão na época da realização do filme. A personagem feminina, aliás, não apenas fica em evidência, mas é a figura catalizadora que justifica a obra, o que fez com que o filme fosse considerado de temática feminista e reverenciado, até hoje, como um marco para as mulheres no cinema. Além do papel da mulher na sociedade, a obra ainda retrata a rigidez das relações familiares e sociais e o engessamento e estratificação da sociedade japonesa. Formalmente, o filme exibe, em cada plano, um vagaroso e minucioso "ballet", com os personagens movendo-se, lentamente, de forma a ocupar todo o enquadramento. São longos planos fixos, que lembram verdadeiras pinturas, com grandes beleza e força imagéticas. Mas prepare-se - o ritmo é lento, mas lento MESMO, e muita gente vai se incomodar com isso (eu admito que o ritmo de parte dos filmes japoneses não me agrada, mas como eu sou teimosa...). É um belíssimo filme, mas exige paciência do espectador para acompanhar a narrativa a passo de tartaruga...
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