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"Desobediência", de Sebastián Lelio, 2017

  • hikafigueiredo
  • 23 de ago. de 2019
  • 2 min de leitura

Filme do dia (243/2018) - "Desobediência", de Sebastián Lelio, 2017 - Após sofrer uma terrível perda, Ronit (Rachel Weisz) retorna de Nova York para sua cidade natal, a uma comunidade de judeus ortodoxos por ela abandonada. No local, Ronit reencontra Dovid (Alessandro Nivola) e Esti (Rachel McAdams), seus melhores amigos de juventude, agora casados. O reencontro reacenderá uma antiga paixão.





O belo filme discorre, basicamente, sobre a liberdade de escolha do indivíduo. Ainda que Ronit e seus amigos tenham crescido em meio à rígida comunidade de judeus ortodoxos, onde regras sociais e religiosas determinam a conduta de todos seus seguidores, sempre há a possibilidade de optar por outro caminho, sempre há a escolha, ainda que isso signifique abandonar conceitos e acatar perdas. A obra, ainda, expõe a questão da sexualidade versus religião - aqui há um interessante diálogo com o filme "Pecado da Carne" (Haim Tabakman, 2009), uma versão masculina da história, mas, enquanto o primeiro tem um desfecho pouco verossímil, o último acaba de maneira realista e traumática - um verdadeiro soco no estômago. Formalmente, o filme é bem tradicional e até mesmo o desenrolar da narrativa é menos contundente que o da obra anterior do diretor ("Uma Mulher Fantástica", Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2018). Aliás, acho que os dois filmes mencionados do diretor tem, em comum, a resiliência das personagens principais, que, a despeito das dificuldades encontradas, seguem resolutas aquilo que acreditam. Gostei do clima sóbrio da obra - sentimos o "peso" daquela comunidade religiosa na fotografia escura, na paleta de cores puxadas para o marrom e preto e na direção de arte, tudo isso resultando em uma vida meio "sufocada". Quanto às interpretações, já vi Rachel Weisz bem melhor que aqui, é fato, enquanto Rachel McAdams está ótima como Esti - ela consegue nos transmitir a sensação de repressão de si mesma, uma repressão no limiar do suportável, seu olhar quase pedindo socorro em meio àquela conduta retraída e discreta, gostei demais. O filme é ótimo, vale muito a pena, apesar de achar que a conduta de Dovid para Esti pouco convincente (os judeus ortodoxos são bastante machistas e suas esposas são muito dominadas por seus maridos, de modo que a conduta "liberal" de Dovid, um homem dominado pela religião, em relação à sua esposa Esti me pareceu bastante irreal e deslocada). Recomendo.

 
 
 

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