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hikafigueiredo

"Ele Está de Volta", de David Wnendt, 2015

Filme do dia (448/2020) - "Ele Está de Volta", de David Wnendt, 2015 - Alemanha, 2014. De maneira inexplicável, Adolf Hitler (Oliver Masucci) reaparece na Alemanha, com o mesmo discurso que o levou ao poder na década de 1930. Levado à mídia como se fosse um comediante, ele começa a fazer sucesso entre a população.




Que filme, que filme!!!! A obra, baseada no romance homônimo de Timur Vermes, é uma crítica violenta à sociedade e ao ser humano como um todo. Ainda que tenha uma pegada cômica, o filme é um tremendo soco no estômago ao mostrar que Hitler - e outros com a mesma linha de ideias - teria facilmente lugar nos dias de hoje e que seria, sem qualquer dificuldade, alçado novamente ao poder. E dentre as críticas e constatações que surgem da obra, a que mais choca - ainda que muita gente, eu inclusive, já tenha comentado exatamente isto - é que genocidas como Hitler são eleitos pelo povo não porque este foi enganado, mas por simples identificação - são milhares, milhões, de indivíduos cheios de ódio a reverberar ideais racistas, xenófobos, homofóbicos, e mais todos os tipos de preconceito que se possam imaginar. Pessoas aparentemente normais - aquele tio bonachão, o vizinho simpático, a madame na cadeira ao lado no cabeleireiro - que trazem uma pulsão de morte em si, um interior sombrio sob uma aparência comum. Mais doloroso é perceber que Timur Vermes foi visionário ao prever um movimento político que conduziria inúmeros países a governos de extrema direita nos moldes daquele que gerou Hitler e outros monstros do mesmo calibre. A vida é cíclica e, como nos anos 30 e 40 do século XX, que trouxeram à tona os demônios das piores espécies, estamos sendo revisitados pelas mesmas ideias monstruosas. Eu sei que terminou o filme, eu estava arrasada. O filme ainda traz uma evidente crítica aos meios de comunicação de massa, em especial à televisão e à internet, que seriam o ambiente ideal para o renascimento de discursos de ódio diversos. O filme traz muito assunto para discussão e é impossível limitar seus temas em algumas poucas linhas. Formalmente, o filme brinca com diferentes linguagens, que vão da mais pura ficção à linguagem jornalística e à metalinguagem, enriquecendo a obra. Destaque para a cena que parodia o filme "A Queda - As Últimas Horas de Hitler" (2004), para a cena da Sra. Krömeier e para a cena do telhado - a fala mais contundente que eu me lembro de ter visto em anos de cinema. É impossível ficar indiferente a este filme, com certeza todo e qualquer espectador terá alguma reação ao vê-lo. É doloroso e necessário. Recomendo demais.

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