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"Era Uma Vez no Oeste", de Sergio Leone, 1968

  • hikafigueiredo
  • 15 de mar. de 2020
  • 3 min de leitura

Filme do dia (105/2020) - "Era Uma Vez no Oeste", de Sergio Leone, 1968 - Brett McBain (Frank Wolff) prepara a festa de seu casamento. Uma visita inesperada mudará o rumo de seus planos.





Inúmeras vezes eu já falei que o gênero western não é a minha praia. Por uma implicância sem explicação, não me interessei pelo gênero e vi pouquíssimos filmes. Graças ao bom deus, há tempo de corrigir essa mácula na minha vida cinéfila. Depois de ver pérolas como "Matar ou Morrer" (1952), "Rastros de Ódio" (1956) e "O Homem que Matou o Facínora" (1962), foi a vez de ver essa delícia que é "Era Uma Vez no Oeste" - porque a obra é isso, uma delícia!!! Como os três filmes que serviram de exemplo logo acima, essa obra é uma aula de cinema!!!! Você pega a cena inicial deste filme, ela é, simplesmente, irretocável!!!! A maneira como Sergio Leone brinca com os personagens ao longo da narrativa é instigante, envolvente e sublime! Mas vamos por partes. Antes de mais nada, adorei como o diretor constrói seus personagens - não tem virgem em casa de tolerância, ninguém ali é santo ou inocente. Todos os personagens são, de certo modo, calejados e tem um pé (ou dois) na contravenção ou bandidagem explícita, e isso não faz com que alguns deles não sejam extremamente carismáticos, quase adoráveis! O roteiro, redondinho (com raras exceções), é assinado por Bernardo Bertolucci, Dario Argento e pelo próprio Sérgio Leone, e equilibra muito bem a ação, o drama e o suspense. O ritmo do filme alterna momentos de lentidão, criando suspense, com outros mais ágeis, emocionantes. Tecnicamente, o filme também é um desbunde. A fotografia, bem saturada, tem uma paleta de cores em tons de ocre e amarelo. É uma obra que trabalha muito com planos de detalhe - rostos, olhos, mãos, canos de arma -, mas também com planos bem abertos e profundidade de campo. A sonorização é particularmente evidenciada na obra, em especial em algumas cenas - na cena inicial, por exemplo, o som é, praticamente outro personagem; são gotas de água, o rangido de um objeto, o sopro de um personagem, todos esses sons são explorados no limite para causar tensão... e é tudo perfeito! Na trilha sonora, o mestre Enio Morricone, maravilhoso. Quanto às interpretações, temos Henry Fonda como Frank, um vilão à moda antiga, daqueles odiosos - e Henry Fonda faz esse vilão magistralmente; Charles Bronson interpreta o misterioso "Gaita", que instiga o espectador acerca de seus propósitos e tem aquele olhar de quem sabe exatamente o que está fazendo; Claudia Cardinale está ótima como Jill (aqui vou fazer um aparte.... a presença desta personagem só existe para dar aquele toque sensual na narrativa... e para mim, tudo o que envolve Jill está imbuído de machismo extremo... foi a única coisa que me incomodou no filme, mas entendo que era uma outra época...); Jason Robards faz o personagem mais simpático, na minha opinião, de todo o filme, Cheyenne - e detalhe, ele é um bandido fugitivo...; e Gabrielle Ferzetti interpreta Morton, um poderoso local de saúde frágil. Reclamação: o desfecho de Cheyenne, não entendi o porquê. Destaques: a cena inicial, maravilhosa; a cena da "visita" de Frank a McBain; a cena do saloon, e o suspense de quem surgirá atrás daquela porta; e a cena do duelo, com tudo o que a envolve. Por fim: finalmente entendi a referência de "Os Oito Odiados" (2015), do Tarantino, ao Sergio Leone - as "triangulações" entre os personagens (sem jamais quebrar o eixo) é puro Sergio Leone, é exatamente o que vemos na cena inicial e na cena do saloon!!!! Enfim... clááááássico absoluto do western "spaghetti", merece visita para ontem! Recomendadíssimo!

 
 
 

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