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  • hikafigueiredo

"Essa Estranha Atração", de Paul Bogart, 1988

Filme do dia (367/2020) - "Essa Estranha Atração", de Paul Bogart, 1988 - Arnold Beckoff (Harvey Fierstein) é um gay de origem judaica que trabalha como drag queen em uma boate nova iorquina nos idos da década de 70. Ele conhece Ed Reese (Brian Kerwin) em um bar e logo de envolvem amorosamente. Ocorre que Ed não assume sua relação com Arnold, mantendo um relacionamento "oficial" com Laurel (Karen Young). Paralelamente, Arnold ainda tem de lidar com sua mãe, uma típica "yiddish mama" que não aceita a orientação sexual do filho.





A obra é a transposição para as telas de uma peça de teatro da Broadway, escrita e estrelada por Harvey Fierstein, que aqui mantém-se no papel de Arnold, e traz as questões atinentes a um homossexual transformista em Nova Iorque nos anos 70 e 80. A história foca em dois aspectos da vida do personagem: seus relacionamentos amorosos e sua relação com a mãe possessiva e um tanto quanto homofóbica. Ainda que traga, aqui e ali, algumas cenas cômicas, eu diria que a obra é bastante dramática, contando com pelo menos uma passagem traumatizante, que quase me arrancou lágrimas. A narrativa se dá totalmente sob o ponto de vista de Arnold, inclusive com várias cenas de quebra da quarta parede (quando o personagem fala diretamente para a câmera como se estivesse dialogando com o espectador), é linear, com grandes saltos de tempo, e tem um ritmo bem marcado. A atmosfera é majoritariamente otimista, apesar de não faltar problemas e motivos para sofrer a Arnold. É uma obra que traz, para o espectador, um pouco da experiência de quem se descobre homossexual e precisa enfrentar preconceitos diários por conta de sua natureza. Ainda que de maneira muito sutil, senti uma crítica a quem não sai do armário e não se assume, caso do personagem Ed. O destaque do filme encontra-se no elenco afinadíssimo; bom, é claro que Harvey Fierstein está maravilhoso no papel, tendo em vista ser ele o autor da peça teatral, muito provavelmente com toques biográficos (não tenho certeza, é uma conjectura minha); Brian Kerwin é perfeito como Ed, lindo e dúbio, despertando, em muitos momentos, uma raiva condescendente no espectador (condescendente porque, embora fiquemos putos, acabamos torcendo para que ele assuma sua homossexualidade e, a reboque, sua relação com Arnold); Matthew Broderick é só amor como Alan e, logo que ele surge na história, esquecemos qualquer condescendência por Ed e queremos mais que ele suma para dar paz para o novo casal que surge; Anne Bancroft - uma atriz que eu venero - interpreta a mãe de Arnold e é maravilhosa no papel, a típica mãe judia, dramática, possessiva, intrusiva, chantagista, maravilhosa, enfim; Eddie Castrodad interpreta David e traz um sopro de juventude à história. O filme é delicinha, muito sensível e equilibra bem o drama com um certo tom de "brinde à vida" (não sei se soube me explicar rs). Eu gostei demais e recomendo para quem gosta da temática LGBTTQI+.

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