Filme do dia (261/2020) - "Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios", de Renato Ciasca e pelo Beto Brant, 2011 - O fotógrafo Cauby (Gustavo Machado) abandona o sudeste do país e se muda para o Pará, onde ele conhece Lavínia (Camila PItanga), a esposa de um pastor, e por ela se apaixona. O romance terá consequências imprevisíveis.
Então... eu gosto muito do cinema nacional e acho que temos algumas obras incríveis nele. Mas também temos filmes que, por um motivo ou outro, se perdem um pouco no caminho - e esse filme é esse caso. O argumento é simples, diria até comum - um triângulo amoroso -, mas alguns elementos adicionados ficaram um tanto quanto desconexos do todo. O maior problema desse filme reside no desenvolvimento de seu roteiro - a narrativa é truncada, temos cenas desimportantes longas e cenas importantes curtas, pouco trabalhadas. Até dois terços do filme, pouco acontece e no terço final acontece de tudo e em cenas excessivamente curtas (ou mesmo inexistentes, pois algumas informações vêm em forma de texto e não de imagem). Além disso, houve uma tentativa de denunciar o desmatamento da Amazônia e a destruição do meio ambiente e dos povos originários, mas essa denúncia ficou incipiente, perdida no meio da obra através de fragmentos do discurso do pastor ou cenas aéreas da floresta desmatada completamente alheias ao restante da narrativa. - não "casou" com a história, sabe? Em suma, falta coesão à obra, o conteúdo está solto, sem amálgama. A narrativa é predominantemente linear, com um único excerto de tempo passado, explicando a origem da relação entre Lavínia e o pastor, cena essa que surge do nada, como um parênteses, no meio da narrativa, e que eu senti deslocada. O ritmo, como o desenvolvimento da narrativa, é irregular, temos trechos lentos e outros acelerados, sem muita lógica. A fotografia do filme tenta aproveitar a beleza natural do lugar, mas a óbvia adição de saturação nas cores na edição do filme deu uma aparência artificial a algumas cenas (a cor das folhas das árvores ficou tão saturada que virou um verde fosforescente, parecia que as plantas tinham sido contaminadas por urânio...). Na minha opinião, o melhor do filme está nas interpretações, que, se não são extraordinárias, não chegam a fazer feio. Camila Pitanga está bem como Lavínia e melhor ainda como Lúcia (sem spoilers), mas achei um pouco exagerada sua interpretação do passado de Lavínia; Gustavo Machado está ótimo como Cauby, assim como Zé Carlos Machado como o pastor Ernani. Quem brilha no filme é Gero Camilo como o editor de uma revista local, Viktor - eu adoro esse ator, eu o acho perfeito!!! Odeio dizer isso de um filme nacional, mas a obra é bastante fraca, poderia ser mil vezes melhor aproveitada - mas não é tão ruim que eu queira me livrar dela e será adicionada, de boas, no meu acervo de filmes. Não vou recomendar geral, mas fãs da Camila Pitanga talvez se encantem com o filme, sei lá.
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