Filme do dia (195/2021) - "Fase IV: Destruição", de Saul Bass, 1974 - Após a ocorrência de um fenômeno cósmico, o cientista Dr. Hubbs (Nigel Davenport) percebe uma alteração no padrão de comportamento de uma colônia de formigas, motivo pelo qual se desloca para o deserto, na companhia do auxiliar James Lesko (Michael Murphy), para estudá-las. Chegando ao local, descobre estranhas construções e começa a suspeitar da conduta daquele grupo de insetos.
Essa ficção científica parte de um suposto desequilíbrio ecológico e adentra no terreno da "ecodistopia", imaginando uma realidade onde as formigas, subitamente, tivessem desenvolvido uma capacidade cognitiva superior, igualando-se - ou até mesmo superando - os seres humanos. Na história, um cientista isolado percebe uma mudança de comportamento nas formigas de um determinado lugar e passa a estudá-las. O pesquisador surpreende-se ao perceber que as formigas passaram a se comunicar mais ativamente entre si e tornaram diferentes colônias, antes concorrentes, colaborativas. Ele percebe que, juntas, as colônias dizimaram os predadores naturais das formigas naquela região e passa a temer um forte desequilíbrio ecológico no local. À medida em que sua pesquisa avança, o estudioso passa a perceber padrões de comunicação entre os insetos, concluindo que eles se tornaram mais inteligentes. Prevendo uma disputa entre as formigas e os seres humanos, o pesquisador intenta aniquilá-las, mas seu auxiliar acredita na possibilidade de diálogo e cooperação entre os homens e estes animais. A obra abre espaço para uma discussão acerca da disputa por nichos ecológicos, da dominação de uma espécie por outra, dos desequilíbrios naturais e do potencial lesivo de qualquer espécie quando dominante. Boa parte da obra concentra-se em imagens reais de colônias de formigas, numa "vibe" completamente "Animal Planet" - quem não curte muito esse insetinhos vai detestar o filme, pois temos um sem-fim de closes destes animaizinhos fofos em sua vida cotidiana. O roteiro é muito criativo e bem amarrado, num ritmo bem moderado e numa construção cuidadosa da atmosfera de tensão, suspense e angústia. A fotografia prioriza os planos-detalhe com lente macro, mas também traz vários planos abertos do deserto. O elenco é diminuto - além de Nigel Davenport, ótimo como o pesquisador, alterado por perceber o desastre que virá, e Michael Murphy como o auxiliar James, temos apenas mais três intérpretes: Lynne Frederick como Kendra e Alan Giffdord e Helen Horton como os avós da jovem Kendra. Eu achei o filme um pouco lento, mas o roteiro desenvolve-se bem e é hábil em criar um suspense bacana. Vale, ao menos, pela criatividade.
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