Filme do dia (63/2019) - "Frances Ha", de Noah Baumbach, 2012 - Frances (Greta Gerwig) e Sophie (Mickey Sumner) são melhores amigas e dividem apartamento. Quando Sophie opta por mudar de residência, indo morar com outra amiga, Frances é obrigada a encarar a vida adulta.
O filme, badaladíssimo, acompanha as desventuras da jovem "pero no mucho" Frances. Desengonçada, infantil, inconsequente e irreverente, Frances "flana" pela vida e por Nova York, com sonhos elevados de se tornar uma reconhecida bailarina e a necessidade bem mais premente de pagar as contas e ter um teto sobre sua cabeça. A obra, assim, retrata um pouco da realidade dos jovens adultos dos anos 2000/2010, sonhadores, imaturos e, acima de tudo, perdidos entre sonhos e necessidades reais. Como Frances, estes jovens adultos teriam certa dificuldade em amadurecer e encontrar seu lugar no mundo, além de vivenciar relacionamentos superficiais, passageiros e confusos com pessoas igualmente perdidas. Mas, diferentemente de outras gerações, para quem confusão e impermanência geravam ansiedade e estados depressivos, Frances e seus congêneres não sofrem com tal realidade, levando a vida com extrema leveza, boa dose de inconsequência e nenhuma preocupação. Confesso que o frisson acerca da obra não me pegou - talvez por ser de outra geração ou, ainda, por estar ficando rabugenta, achei a personagem Frances uma mala e, seu eterno sorriso no rosto, um sinal de uma "bobice" sem fim. Pollyana por Pollyana, prefiro a Amelié Poulin. Por outro lado, curti a estética do filme, com sua fotografia P&B, alguns belíssimos planos (como um curtíssimo plano em que Frances se observa no espelho, deitada na cama e que, sei lá por qual motivo me despertou um sentimento de saudosismo gigantesco) e o ótimo aproveitamento das locações nova-iorquinas. A trilha sonora também é muito boa, com destaque para "Modern Love", de David Bowie. Ainda que não tenha me identificado em nada com a personagem Frances, aceito que a interpretação de Greta Gerwig merece elogios - talvez, com outra atriz, a personagem tivesse se tornado tão insuportável que eu não teria aguentado o filme e desistido de assisti-lo. Com Greta, a personagem é chata, mas pelo menos desperta algum interesse. No elenco, ainda, Adam Driver antes de estourar. Bom... o filme não deu sono, o que, no meu atual momento, em que durmo até na direção do carro parado no semáforo, é um grande feito e mérito. A conferir.
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