- hikafigueiredo
"Fuga do Século 23", de Michael Anderson, 1976
Filme do dia (105/2021) - "Fuga do Século 23", de Michael Anderson, 1976 - No século 23, a sociedade encontra-se equilibrada, não existe miséria, guerras ou doenças e todas as necessidades humanas são providas pelos computadores. De forma hedonista, a vida existe para ser aproveitada prazerosamente. No entanto, ao completar 30 anos, todos têm de ser "renovados" - eufemismo para destruídos. Nesse panorama, Logan 5 (Michael York) é um "sandman" - um caçador de fugitivos - cuja função é destruir quem tenta fugir da cidade, burlando, assim, sua morte iminente.

A obra traz uma visão futurista de uma sociedade utópica, onde todos seriam saudáveis, felizes e, acima de tudo, jovens. Mas, como juventude não dura eternamente, todos os indivíduos dessa sociedade seriam sumariamente mortos ao chegarem aos 30 anos. Evidente que muitos não conseguiriam aceitar a imposição artificial de seu fim - nada é mais angustiante do que saber o exato momento de sua morte. Para manter o equilíbrio desta sociedade, evitando insurreições, fugas e rebeldia, haveria os "sandman", indivíduos destacados para impedir que qualquer um burlasse o momento de seu fim. Assim, a obra discorre sobre liberdade, regime ditatorial, controle dos indivíduos pelos estado e esperança, além de tocar levemente em questões filosóficas como o sentido da vida, o relacionamento entre os indivíduos e o enfrentamento da morte (mas, lógico, enveredar por esse terreno fica por conta do freguês; se sua intenção for curtir uma ficção científica sem elucubrações, isso é completamente possível). A narrativa é linear e o ritmo bem marcado. A estética do filme chega a ser divertida - é tudo tão anos 70, tão datado! Parecia que eu estava vendo um longo episódio da série clássica do Jornada nas Estrelas!!!! Para os nossos padrões de hoje, o filme só tem "defeitos" especiais, mas, na época, aquilo era ápice dos efeitos visuais, tanto que foi agraciado com o Oscar dessa categoria (por mais que isso possa nos parecer surpreendente), além de concorrer aos prêmios de Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia (triplamente surpreendente!!!). O elenco traz Michael York como Logan 5 - eu tenho muita simpatia por este ator, mesmo não o achando um grande intérprete - e Jenny Agutter como Jessica 6 (a jovem atriz de "A Longa Caminhada", de Nicolas Roeg, 1971, sobre o qual escrevi recentemente). Mas quem me conquistou foi Peter Ustinov como o velho - o personagem é um fofo! Farrah Fawcett, ícone absoluto dos anos 70, faz uma ponta safada no filme, mostrando quão péssima atriz ela era. O filme dá margem a muita filosofia, mas também é um entretenimento bacaninha, que dá para divertir, além de ser um grande clássico do sci-fi. Eu curti.