Filme do dia (47/2021) - "Geração Prozac", de Erik Skjoldbjaerg, 2001 - EUA, década de 80. Elizabeth (Christina Ricci) é uma promissora estudante que recebe um bolsa de estudos em Harvard. No entanto, uma condição psiquiátrica pode colocar todos seus sonhos por terra.

Baseado na autobiografia de Elizabeth Wurtzel, o filme é um retrato bastante fiel da conturbada e sofrida vida daqueles que têm uma condição psiquiátrica. A protagonista sofre de um profunda depressão (muito embora suas ações me sugerissem mais um transtorno bipolar), o que a leva a abusar de drogas diversas e álcool, ter um comportamento impulsivo e agressivo, ofender e magoar amigos e familiares, ter dificuldade de concentração, tornar-se improdutiva e, até, tentar o suicídio. A representação da doença é muitíssimo bem feita - todas as condutas da personagem encaixam-se no perfil de quem sofre de uma condição psiquiátrica (batendo na tecla de que lembra mais uma bipolaridade), trazendo, a reboque, todos os estragos que estes comportamentos propiciam (desgaste nos relacionamentos familiares, afetivos e amorosos, carência e possessividade exacerbada, problemas profissionais. No entanto, a questão da necessidade de medicação ficou um tanto quanto dúbia - certamente existe uma crítica ao uso excessivo de drogas psiquiátricas por pessoas que talvez sequer precisassem, mas, ao mesmo tempo, a personagem admite que foi através da medicação que ela encontrou o equilíbrio para voltar ao normal. Aqui abro um parênteses - evidente que medicação psiquiátrica é, muitas vezes, erroneamente administrada em pacientes que precisariam mais de terapia do que de alguma droga e que isso, logicamente, merece críticas. No entanto, há condições psiquiátricas - como esquizofrenia, transtorno bipolar, borderline e depressões severas - que exigem, além do acompanhamento psicológico, a administração de drogas específicas... PARA SEMPRE! E estas pessoas que sofrem destas condições PRECISAM aceitar essa realidade, parar de negar e entender que a medicação fará parte da sua vida tanto quanto a insulina para um diabético. E acima de tudo, é essencial que se lute contra o preconceito relativo às condições psiquiátricas - e essa luta começa pelo próprio paciente assumir sua condição. Ah, sim... e atempo: eu falo com conhecimento de causa, pois venho de uma longa linhagem familiar de pessoas com problemas psiquiátricos! Fecha parênteses. Diria que o maior trunfo do filme está na interpretação bastante convincente de Christina Ricci - "me vi", surtadinha, em várias cenas da atriz, em especial nas bruscas mudança de humor da personagem. Também achei ótima a interpretação de Jessica Lange como a mãe de Elizabeth - uma mulher que se sente impotente face ao comportamento da filha. No elenco, ainda, Michelle Williams muito jovenzinha como a amiga Ruby, Anne Heche como a psiquiatra Dra. Sterling e Jason Biggs como o namorado Rafe. Eu gostei bastante de como a condição de Elizabeth é retratada, mas achei o desfecho um pouco abrupto, com a questão da medicação tratada muito superficialmente. Em todo caso, é interessante para quem está precisando de um "espelho", para que pessoas com estas condições possam se identificar e assim, quem sabe, procurar ajuda. Eu curti e recomendo (mais pelo tema do que pela qualidade cinematográfica, que é bem padrãozão Hollywood).
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