Filme do dia (327/2020) - "Hamlet", de Kenneth Branagh, 1996 - Após a morte de seu pai, rei da Dinamarca, o jovem príncipe Hamlet (Kenneth Branagh) é visitado pelo fantasma do falecido, o qual lhe revela ter sido morto pelo irmão, que, dois meses após sua morte, desposara a rainha viúva e chegara ao trono. Revoltado com o acontecido, Hamlet jura vingança.

Na minha opinião, "Hamlet" é a obra suprema de Shakespeare, e, como tal, merecia uma versão cinematográfica à altura do brilhante texto, o que foi satisfeito pela presente obra. Excepcionalmente adaptado por Kenneth Branagh, que também o dirigiu e atuou, o filme manteve o texto original com o inglês do século XVII. Sendo uma obra teatral magnífica, e contando com o belíssimo trabalho de adaptação de Branagh, evidente que o filme seria excelente. Apenas não compreendi porque a história foi ambientada no século XIX, ao invés de ter-se mantido nos anos 1600. Apesar de originária da peça teatral, a obra é puro cinema e se distancia bastante de um eventual "teatro filmado". A ambientação, deslumbrante, se deu no Palácio de Blenhein e, a despeito do texto sombrio que sugeriria um ambiente escuro e pesado, é claro, luminoso - e simplesmente maravilhoso. Visualmente o filme é um achado e a direção de arte de época, excepcional. A fotografia, bastante clara e colorida, mantém-se dentro do tradicional e não temos enquadramentos exóticos - o que não quer dizer que não tenham sido utilizados planos bastante expressivos, como planos de detalhes ou, ao contrário, grandes planos gerais. Acerca da história, não tem nem o que dizer, quem seria eu para tecer comentários sobre um texto de Shakespeare, mas gosto da ideia de destacar o destino tão trágico da personagem Ofélia e relacioná-lo com a dramática condição feminina no século XVII e, por que não dizer, nos tempos de hoje - pobre Ofélia, subjugada de diferentes formas por Hamlet de um lado e por seu pai Polônio, de outro! Não vou entrar em detalhes do texto - quem já o conhece sabe de sua qualidade, e quem não o conhece deve ficar às escuras para ser instigado a conhecer!!!! O elenco conta com nomes conhecidos das telas e dos palcos até mesmo em personagens menores. Kenneth Branagh é um ator reconhecido pela qualidade de sua interpretação dos personagens shakespearianos e nada mais justo que tê-lo no papel principal, numa atuação impressionante. No papel de Ofélia, Kate Winslet brilhou magnificamente e nada, nada nela estava fora de lugar. Julie Christie interpretou a rainha Gertrudes, Derek Jacobi, o rei Cláudio, Richard Briers, Polônio, Nicholas Farrell, Horácio, dentre outros, mas temos, em "pontas", intérpretes como Jack Lemmon, Robin Williams, Gerard Depardieu, Thimoty Spall, John Gielgud, Charlton Heston, Judi Dench e até mesmo (não sei como, no caso) Billy Cristal. O filme é excelente e só perde para uma peça bem encenada deste texto. Mas já aviso que é longo, longuíssimo, com mais de 4 horas de duração, ainda que a gente quase não sinta a passagem do tempo. Para quem gosta da peça, recomendo essa versão cinematográfica com a certeza de não errar. O filme teve quatro indicações aos Oscar, dentre os quais Melhor Roteiro Adaptado.
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