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"Happy Old Year", de Nawapol Thamrongrattanarit, 2019

hikafigueiredo

Filme do dia (126/2020) - "Happy Old Year", de Nawapol Thamrongrattanarit, 2019 - Jean (Chutimon Chuengcharoensukying) acaba de voltar de Estocolmo para a Tailândia. Ela quer transformar sua casa em um escritório minimalista. Para isso, precisa se livrar dos objetos que entulham a sua casa, o que ela vai descobrir não ser tão simples.





Aaaaai.... que filme lindo... e triste que só... A obra trata de construção/reconstrução afetiva, memória e desapego. Mas, mais que tudo, a obra discorre sobre responsabilidade afetiva. A personagem Jean vive dois lados da mesma moeda - ela não foi responsável com os afetos de um antigo namorado, abandonando-o sem qualquer laivo de culpa; por outro lado, sofre miseravelmente quando confrontada com a conduta de quem a abandonou. Ao começar a mexer nos objetos que entulham sua casa, Jean reativa velhas memórias, recupera antigas dores e afetos, reencontra (ou não) pessoas do seu passado e tudo isso vira um verdadeiro carnaval emocional para a jovem. É uma obra dolorida, pois acompanhamos a espiral de dores que Jean vivencia - e é impossível não se reconhecer aqui ou ali, em alguma passagem da narrativa. A história flui suave, tudo é mostrado e dito com bastante sensibilidade. Atenção no significado da casa cheia/casa vazia, que relaciona-se diretamente ao esvaziamento emocional da personagem. Atenção, também aos vários detalhes de objetos - tudo ali tem uma memória e um significado na narrativa, nada é aleatório. Bela fotografia, seja nos ambientes minimalistas, claros e límpidos, seja nos ambientes entulhados de tralhas e memórias. Idem quanto à direção de arte, completamente coerente. Quanto às interpretações, Chutimon Chuengcharoensukying (cara... e para reproduzir esse nome? Jesus Cristo...) está fantástica como Jean, ela interpreta magnificamente a montanha russa emocional pela qual passa a personagem. Também gostei da interpretação de Sunny Suwanmethanon como Aim, o ex-namorado abandonado por Jean, Sarika Sathsilpsupa como Mi e Apasiri Nitibhon como a mãe de Jean, completamente presa ao passado. Destaque para a cena em que Mi vai se encontrar com Jean - a mudança de fisionomia de Jean é impressionante, ela simplesmente desconstrói sua expressão de uma maneira única. O filme é excepcional, vale cada minutinho de duração. Recomendadíssimo.

 
 
 

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