Filme do dia (172/2018) - "Hereditário", de Ari Aster, 2018 - Após a morte de sua mãe, Annie (Toni Collette) entra em depressão, a qual tenta esconder de seu companheiro Steve (Gabriel Byrne). Um acidente envolvendo seu filho Peter (Alex Wolff) e sua filha Charlie (Milly Shapiro) agravará o estado psicológico de Annie.
Nada pior do que ir ao cinema com grandes expectativas. Mais uma vez, o burburinho em torno de uma obra fez com que a experiência de assisti-la se transformasse em certa frustração. Não que o filme seja ruim, de jeito algum, mas eu realmente esperava algo mais. O filme é um terror psicológico - meu tipo predileto do gênero - com algumas poucas cenas de "jumpscare". O ritmo começa bem lento - o que fez com que meu parceiro de sessão, caísse no sono por uns dez minutos - e, pouco a pouco, ganha velocidade - o expediente, na minha opinião, é quase essencial para criar suspense e tensão, mas, talvez, o princípio tenha sido um pouco lento demais. O desenvolvimento da narrativa é bem legal, mas, nos últimos 15 minutos de filme, eu tive a sensação de que houve uma "quebra" e o ritmo se tornou esquizofrênico - e talvez isso tenha sido o que me incomodou na obra. O desfecho enveredou por uma direção que me surpreendeu um pouco e eu preferia mais sutileza ao invés do escancaramento total (sem spoilers). O começo do filme pode parecer que ele é um suspense, mas não se engane, ele é terror mesmo. Justamente por ser terror psicológico, a obra não necessita de grandes efeitos especiais e os que aparecem cumprem com dignidade sua função. Acho que o maior mérito do filme fica por conta das atuações, todas bem competentes. Toni Collette se destaca como a arrasada, a desesperada, Annie - sua expressão facial de dor é bem impressionante. Outro que surpreendeu positivamente foi Alex Wolff - talvez fazer o personagem Peter seja, na verdade, mais complexo do que interpretar Annie, pois, se a última permite certo grau de exagero, o primeiro exige um pouco mais de sutileza e contenção e acho que Alex Wolff fez isso com maestria. Gabriel Byrne, da mesma forma, também caprichou na interpretação - Steve é o mais racional dos personagens e exigiu um grau de contenção, de comedimento , ainda maior do que o enfrentado por Alex Wolff. O filme tem uma pegada diferente de obras como "Invocação do Mal", "Anabelle" e "A Autópsia" - e admito que prefiro o tom deste aqui, mas, não espere "o filme mais aterrorizante do ano/da década/do século", pois criar essa expectativa só vai servir para ferrar sua experiência com a obra. É, é bom, mas não é essa coca-cola toda.
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