Filme do dia (80/2017) - "Infiel", de Liv Ullmann, 2000 - O diretor de cinema Ingmar Bergman (Erland Josephson), muito idoso e solitário, trava um longo diálogo com uma imaginária Marianne (Lena Endre), onde ela narra sua relação com David (Krister Henriksson), melhor amigo de seu marido Markus (Thomas Hanzon), com quem teve um caso amoroso com consequências terríveis.

Com roteiro de Ingmar Bergman - logo, com todo a carga emocional extrema que lhe é peculiar - a obra discorre sobre desejo, paixão, culpa, arrependimento e vingança, tudo em doses cavalares. A hipocrisia das relações humanas e o machismo também estão bem representados na história. O espectador precisa estar preparado para mergulhar nos conflitos das três almas atormentadas - Marianne, David e Markus - bem como na solidão palpável do próprio Bergman. É uma obra bastante tensa, que dialoga bastante com o maravilhoso "Cenas de um Casamento", do diretor sueco e tendo como intérpretes o mesmo Erland Josephson e a aqui diretora Liv Ullmann. Tecnicamente, o filme é impecável e Liv Ullmann demonstra que é talentosa não só como atriz, mas, também, como diretora. O destaque disparado é a interpretação esplendorosa de Lena Endre, que chega a ofuscar as atuações dos demais atores, todos muito bons e competentes, mas que perto de Lena - que desmorona na tela, desfaz-se, desmancha-se de culpa, dor, arrependimento - acabam até perdendo o brilho. Filme excelente, com muita influência bergmaniana, recomendo bastante.
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