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"Lámen Shop", de Eric Khoo, 2018

hikafigueiredo

Filme do dia (126/2019) - "Lámen Shop", de Eric Khoo, 2018 - A família de Masato (Takumi Saitoh) possui um restaurante de lámen no Japão e leva de maneira quase sagrada a arte de cozinhar. Após a morte de seu pai, Masato encontra um diário de sua falecida mãe, escrito em mandarim, língua que o jovem não domina. Intrigado e decidido a recuperar as memórias de sua mãe, Masato viaja para Singapura em busca de suas raízes através de seus parentes maternos.





Como já disse algumas vezes, adoro filmes que tratem de culinária, caso desta obra. Mas, diferentemente de outros filmes em que o assunto principal é a comida, neste o foco está centrado nas relações familiares e na memória de tempos passados. Não que a comida não seja importante na obra - de jeito algum, ela é o fio condutor da narrativa - mas, por trás dela, existe toda uma carga afetiva ligada às relações familiares do personagem. O filme, ainda, discorre sobre a memória - de fatos saudosos ou trágicos - e sobre cicatrizes que trazemos e que incidem nos nossos atos e concepções. No caso, eventos passados ocorridos com a avó materna de Masato acabam tendo incidência direta sobre o destino dos pais do rapaz e do próprio jovem (sem spoilers). A narrativa é construída alternando o tempo presente e o passado e revelando, paulatinamente, a história da família do personagem. No início até o meio do filme, a narrativa mostra-se um pouco confusa - é difícil para o espectador entender quais são os entraves daquela relação familiar -, mas tenha paciência porque tudo se encaixará antes do fim da obra. Aguarde um fundo histórico ligado às relações entre os países envolvidos na narrativa, bem importante para se compreender a história de Masato e sua família (diria que é o cerne de tudo). Espere, também, por cenas muito tentadoras acerca da culinária oriental, seja japonesa ou chinesa - evite assistir ao filme de estômago vazio ou você irá sofrer um bocado! Rsrsrsrs. Destaque para a alternância estética entre as imagens do presente e do passado - a fotografia das cenas antigas, como num retrato esmaecido pelo tempo, é meio "lavada", sem contraste, sem saturação e até meio desfocada, bem diferente da fotografia do tempo presente. Apesar de ser uma opção interessante, acredito que irá desagradar parte do público porque até eu, que entendi a concepção da ideia, achei meio feião. Também gostei da interpretação de Takumi Saitoh como Masato (e o moço, além de tudo, é lindo de morrer), bem como do ator que faz o tio materno de Masato (cujo nome sabe-se lá Deus qual é). Enfim, o filme é um drama leve, sem grandes "pancadas" emocionais, que flerta de leve com o melodrama, mas que nem de longe chega a incomodar. É uma obra gostosinha, honesta, fácil de assistir, num ritmo bem agradável. Vale a pena e recomendo, mesmo sem ser uma obra de arte.

 
 
 

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