- hikafigueiredo
"Locke", de Steven Knight, 2013
Filme do dia (54/2020) - "Locke", de Steven Knight, 2013 - Ivan Locke (Tom Hardy) é um brilhante engenheiro especializado em concreto. Às vésperas do trabalho de concretagem de uma importantíssima obra, Locke recebe uma notícia que o obriga a sair da cidade. Essa notícia transformará toda a vida de Locke, mas ele fará de tudo para que todas coisas se resolvam.

Quando assisti ao filme "Culpa" (2018), fiquei fascinada, achei a ideia brilhante, ousada, original. Na trama, apenas um personagem e seu telefone - e a minha imaginação. E eu estava certa - a ideia era brilhante e ousada... mas não tão original. Isso porque essa obra aqui, cinco anos antes, já havia proposto o mesmo formato - um personagem e seu telefone... e a nossa imaginação. Okay, cada filme tem sua trama - "Culpa" é bem mais tenso, nossa imaginação é muito mais exigida e ainda tem plot twist; no entanto, acho que "Locke" nos envolve mais com o personagem, um homem que tenta fazer aquilo que acha correto, mesmo colocando em risco as mais importantes coisas de sua vida. Se em "Culpa" nossos nervos ficavam à flor da pele, aqui, o que vêm à tona, são emoções como empatia, angústia, admiração. O fato da história inteira se passar dentro de um carro em movimento por uma estrada - o que poderia criar de sensação de claustrofobia a tédio profundo - não altera em nada o envolvimento do espectador com a narrativa. E mais uma vez afirmo, agora para o filme "Locke", que a ideia é brilhante, ousada e original. A alternância de interações do personagens com outras pessoas, cada qual com uma demanda diferente, é perfeita, dá ritmo à história, e abre possibilidades do ator Tom Hardy exercitar seu talento, pois cada personagem que está do outro lado da linha exige uma diferente postura e uma diferente reação do personagem Locke. O dilema relacionado às escolhas de Locke, as questões morais envolvidas e a postura objetiva e sensata do personagem também são essenciais ao desenvolvimento da trama e envolvimento do espectador. Tom Hardy está excepcional como Locke - não deve ser fácil ter que atuar para um telefone, apenas. O elenco de apoio - as vozes do outro lado da linha - está igualmente ótimo: Ruth Wilson como Katrina, está lindamente histérica; a maravilhosa Olivia Colman consegue passar toda a fragilidade de Bethan; Andrew Scott, por sua vez, é hábil em demonstrar o desespero de Donal; e o lindinho Tom Holland interpreta o doce Eddie, filho de Locke. O filme é óóóóóótimo, não desgrudei os olhos da tela nem por um segundo, fiquei envolvida, adorei. Recomendo pacas, filmaço.