- hikafigueiredo
"Manitou - O Espírito do Mal", de William Girdler, 1978
Filme do dia (100/2022) - "Manitou - O Espírito do Mal", de Willian Girdler, 1978 - Quando o falso médium Harry Erskine (Tony Curtis) é procurado por sua ex-namorada Karen Tandy (Susan Strasberg), a qual desenvolveu um estranho - e crescente - volume na nuca, ele passa a pesquisar, junto com o médico Jack Hughes (Jon Cedar), a causa do que parece ser um tumor. Qual a sua surpresa quando ambos descobrem que aquilo é, na verdade, a reencarnação de um maligno espírito ancestral indígena.

Quem quiser ter experiências com filmes que ultrapassam a criatividade, alcançando a mais pura bizarrice, com certeza devem focar nos filmes de terror, pois, não são poucas as vezes em que os roteiristas e diretores enveredam por caminhos para lá de excêntricos - e esse filme é prova viva disso. Com um argumento até que razoável - o ressurgimento de um antigo espírito indígena pronto a destruir tudo o que estiver ao seu alcance -, a coisa começa a desandar com a forma em que o tal espírito "reencarna" - através de uma espécie de embrião no cangote da pobre personagem Karen. Daí em diante, a coisa só piora, tornando-se uma das histórias mais esdrúxulas já vistas por esta espectadora - o roteiro, desmedido, encontra algumas soluções que, na minha opinião, não fazem qualquer sentido. A narrativa é linear, num ritmo bem marcado e crescente. A fotografia sofre de vários maneirismos da década de 70, como aproximações rápidas do objeto, algo que eu sempre detestei. O filme culmina com "defeitos" especiais inacreditáveis - lembrando que esta obra foi feita um ano após a revolução dos efeitos especiais provocada pela Industrial Light & Magic no impecável "Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança" (1977). O elenco traz um Tony Curtis um tanto quanto deslocado - seu ótimo timing para comédia é completamente desperdiçado, sendo usado apenas em uma cena inicial e depois posto de lado, tendo, o ator, assumido uma interpretação mais dramática e, por isso mesmo, a um passo do absurdo/ridículo; Susan Strasberg aparece menos do que seria de se esperar considerando que é através dela que o espírito maligno consegue "reencarnar", e, após uma interpretação aceitável do renascimento da criatura, a atriz enfrenta uma "luta do bem contra o mal" final que é - sinceramente - patética (juro... é muito ruim). Jon Cedar é quem se sai melhor, já que pode permanecer como o médico cético quase até o final. O filme traz o ótimo Burgess Meredith como Dr. Snow e um nada convincente Michael Ansara como John Singing Rock - viva a representatividade, né não??? Pelo menos deram chance ao ator acondroplásico Joe Gieb, que interpreta Misquamacas, o próprio espírito do mal - já é alguma coisa. Eu já tinha ouvido falar do filme, ele tem algo de cult, mas, de boas, eu achei completamente despropositado. Não gostei não e não recomendo.