- hikafigueiredo
"Mank", de David Fincher, 2020
Filme do dia (140/2021) - "Mank", de David Fincher, 2020 - Década de 30. O roteirista Herman J. Mankiewicz (Gary Oldman) é contratado por Orson Welles (Tom Burke) para desenvolver um roteiro, tornando-se um cavalo de batalha entre o roteirista, o diretor e as pessoas retratadas na obra.

Eu já vi, inúmeras vezes, argumentos incríveis "fazerem água" e virarem filmes medíocres ou sofríveis, mas esta é a primeira vez que eu vejo um argumento completamente desinteressante, virar uma obra razoável. A obra discorre sobre o desenvolvimento do roteiro de "Cidadão Kane" pelo roteirista Herman J. Mankiewicz, seu relacionamento com Orson Welles e os desdobramentos decorrentes de Mankiewicz usar, como base, a história do magnata da mídia escrita Willian R. Hearst, um antigo amigo. Eu, particularmente, acho esse argumento absolutamente sem apelo e acho que só resolvi ver o filme por conta da crítica positiva de um grande amigo. O filme tem méritos, isso é inegável. Para quem tem interesse na Hollywood dos anos 30, o filme é um prato cheio, pois todos os figurões dos grandes estúdios passam pela história, gente como Louis B. Mayer, Irving Thalberg, David O. Selznick e Charlie Chaplin, além de tratar, justamente, da política por trás dos estúdios de Hollywood. Outro mérito do filme é sua qualidade técnica - a maneira como a narrativa não-linear é construída, a fotografia P&B fabulosa, os enquadramentos não-óbvios e sofisticados, a linguagem cinematográfica inspirada no próprio "Cidadão Kane", a direção de arte de época milimétrica, os diálogos rápidos, os personagens bem construídos e algumas ótimas interpretações, com destaque para o sempre ótimo Gary Oldman e para a inspiradíssima Amanda Seyfried. Em suma... a qualidade do filme é ótima. Agora... não vou mentir... o filme não me pegou, não fruiu para mim. Antes da primeira meia hora, eu já havia percebido que eu não iria embarcar na história, mesmo porque não tenho grandes simpatias por Hollywood e seus grandes estúdios, preferindo, muito mais, o cinema independente e as produções "estrangeiras". Então, fui uma espectadora protocolar, vi o filme até o fim, lutando contra um sono insistente, mas me mantendo firme e forte até a última cena. Não vou dizer para ninguém evitar o filme, pois, como eu disse, ele tem virtudes inegáveis, mas, certamente, é um que não vou repetir a dose.