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hikafigueiredo

"Moonlight", de Barry Jenkins, 2016

Filme do dia (203/2018) - "Moonlight", de Barry Jenkins, 2016 - Little é um menino negro, tímido, filho de uma usuária de "crack" e vítima constante de bullying dos colegas de escola. Ele cai nas graças de Juan (Mahershala Ali), o traficante local, que carinhosamente, tenta orientá-lo a defender-se.





A obra acompanha três momentos da vida de Little/Chiron/Black - a infância, a adolescência e a vida adulta - mostrando os caminhos que levam o personagem a enveredar por uma vida de crime. O filme tem muitos méritos e o que eu considero um "problema". Por méritos, um roteiro bem amarrado; a construção cuidadosa dos personagens, em especial, Chiron, que tem "volume", tem complexidade; o retrato sensível de uma realidade cruel; a questão da representatividade - todos os personagens são negros e, alguns, homossexuais; a humanização do traficante Juan - ele foge do estereótipo do bandido malvado e, ainda que ele esteja envolvido com o crime, ele é capaz de ser empático e carinhoso. Agora, o "problema", para mim, é que Chiron, ao se transformar em "Black" na vida adulta, reforça o estereótipo do "negro criminoso", o que me deixou incomodada (okay, com aquela vida que ele levava na infância/adolescência, seria difícil fugir desse destino, mas, ainda assim, esse "determinismo" me perturbou). Por mostrar fragmentos da vida do personagem, acompanhando seu desenvolvimento, percebi um diálogo deste filme com "Boyhood", ainda que não tenha tido o mesmo envolvimento que tive com esta última obra (que eu ameeeei). Curti demais a estética deste filme - a fotografia, que puxa para os tons azulados, criou certa sensação de nostalgia em mim, não sei bem porquê. Outro ponto forte da obra é a interpretação de boa parte do elenco, com destaque para Mahershala Ali, maravilhoso como Juan, e Naomie Harris como a "junk" Paula, mãe de Chiron, responsável por um show de interpretação. Eu gostei do filme, ele fluiu bem, mas o envolvimento emocional foi aquém do esperado - eu realmente tinha uma expectativa maior em relação à obra (ah, a expectativa, sempre a expectativa, essa inimiga da experiência cinematográfica...). O filme foi agraciado com o Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali, em 2017, bem como com o Globo de Ouro para o Melhor Filme Dramático.

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